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Os amigos “da onça” das onças

A imortal criação de Pericles baseava-se na história de dois amigos, onde um narrava que andando por uma mata, conseguira escapar milagrosamente de um ataque de onça.

O amigo cético replicou, contestando que a verdade seria o amigo ter sido devorado pela onça, que exasperado indagou : “- Afinal você é meu amigo ou amigo da onça?”

Com a chuvarada deste ano preconizando safra minguada para o já vultuoso pironegócio do Pantanal, repentinamente ocorreu uma escalada sem precedentes sobre os poderes governamentais do MT e MS.

Iniciados por denúncias de corrupção para atrair a atenção, logo derivaram para o embate ambiental, através de um redator comum de catastrofistas Cartas Denúncias, Relatórios, Resoluções de Conselhos incluindo até minutas de estatutos…

No MT, Parque Encontro das Águas, palco feérico de reiterados incêndios, tem até propaganda em filme estrangeiro, anunciando que é a mais “protegida” das áreas protegidas, e verdadeira “barbada” para arrecadar as luzes dos Oscars Internacionais de 2024.

Tão avançados na imposição, na colonização e no turismo africanizados, seja humanizando animais ou quebrando a independência econômica das populações tradicionais do MT, agora querem impor a todos limitações e até proibições, como eles mesmo garganteiam: “- Pantanalização de restrição de uso para todas as áreas úmidas do MT e do Brasil!”

Pouco importa que no MS, tentem manipular os mesmos pescadores profissionais e os ditos “esportivos”, aqui incentivando a captura de bioinimigos constantes de uma lista de condenados à solução final, atropelando ao final e ao cabo, as mesmas vítimas comemoradas no MT.

Trata-se de abrir a caixa de Pandora, ao justificar a necessidade da busca por espécies que não frequentam os álveos dos rios, somente corixos, baías e APPs registradas e cuidadas por zelosos guardiões pantaneiros.

Os pantaneiros sempre disponibilizaram graciosamente, água pura a todos os animais, que engordam também com suas melhorias nas pastagens, e nos cochos sempre são providos abundância de sal com necessários suplementos minerais, proteínas e medicamentos, ajustados a épocas de escassez, como os pulsos de cheias e secas.

Por cultuarem uma relação de respeito com todos os animais do Pantanal, enojam-se com sua monetização vivos ou mortos, e presenciam estarrecidos a prática de cruéis e antigos métodos secretos para atrair onças e adaptá-las para a escravização da exploração turística remunerada.

Seguiremos com humildade somente expondo fatos às autoridades do MT e MS, esperançosos de uma avaliação mais criteriosa antes de qualquer decisão envolvendo este tipo de interesses concupiscentes, pródigos em lisonjas e oceânicas promessas futuras, narrativas toscas diante das demandas reais dos pantaneiros e do Pantanal.

Ameaçados com invasões acobertadas e incentivadas a frágeis áreas, na correria para matar peixes até na piracema ou gigolar fotos e vídeos de onças, que vão finalizar drenando e secando áreas úmidas, trazendo assoreamento pluvial e fluvial, e culminando com secas e infernais incêndios, logo seguidos de enchentes repentinas e devastadoras…

Amigos “da onça” das onças e seus eventuais parceiros, serão fatalmente desmascarados após essas consequências, e ficarão aí sim, marcados como ecotóxicos aos rios, baías, fauna, flora e povo do Pantanal.

Armando LacerdaPorto São Pedro

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