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Aldear Espaços’ é ação da Cidadania que leva cultura indígena a prédios públicos

A Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários, pasta ligada à SEC (Secretaria de Estado da Cidadania), vai “aldear” os espaços públicos estaduais durante o mês de abril, em comemoração ao Dia dos Povos Indígenas.

Orquestra, grupo de dança, comidas típicas e artesanato estão levando uma pequena amostra da grandeza da cultura das comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul até os órgãos governamentais.

Durante o mês de abril, a cultura indígena ocupa espaços em prédios públicos levando uma amostra da grandeza das etnias que fazem Mato Grosso do Sul. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

A primeira ação itinerante foi realizada nessa quinta-feira (11), na Secretaria da Cidadania, no complexo de blocos do Governo do Estado onde funcionam Ageprev, Escolagov e Fundesporte.

Subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, Fernando Souza, explica que o mês de abril é um momento não só de reflexão, como também de análise da luta dos povos indígenas no Brasil e da ocupação de espaços.

“Vamos passar com o nosso povo, através da música, dança e da culinária, em diversos espaços aqui do Governo, tanto no executivo quanto no legislativo e judiciário, no sentido de mostrar que nós existimos, que nós somos presentes aqui no Estado de Mato Grosso do Sul, e assim promover uma interculturalidade entre as populações indígenas e a sociedade para que haja mais diálogo, mais respeito, mostrando também que há espaço para todo mundo, e que todos nós somos cidadãos”, pontua Fernando.

A orquestra indígena abriu a programação, seguida da introdução da dança Hiyokena Kipâe, que traduzido do terena significa dança da Ema, no estacionamento do prédio, apresentação típica terena que envolve 12 passos e leva até 1h40 minutos para ser apresentada. “Aqui nós fizemos apenas três passos, foi só mesmo uma introdução dessa dança de preparativo para a guerra e a volta da batalha”, explica o cacique da aldeia Vivendas do Bosque, Adolfo Loureiro.

Introdução à dança da Ema, típica apresentação terena, foi realizada no estacionamento da Cidadania. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)
Com grafismos pelo corpo que remontam a história de povos guerreiros, apresentação transportou público ao passado. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

Os passos e os gritos narram a participação dos indígenas na Guerra do Paraguai quando, para despistar os inimigos, pisavam em cima da pegada do outro. “Para simbolizar que era só uma pessoa andando pelo mato, o primeiro passo é do tuiuiú, depois tem o encontro, o convite para a guerra, a medição e a sincronização da força. É uma dança maravilhosa e que tem história, por isso que trouxemos, já que muita gente aqui nunca viu”, completa o cacique.

Servidor público, Thiago trouxe os filhos pequenos para conhecer a cultura que também corre no sangue deles. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

Adolfo estava certo, diante da apresentação, três crianças tinham olhares curiosos para os passos. Arthur, Benjamin e Isaac são filhos do supervisor de modalidades da Fundesporte, Thiago Rodrigues, que trouxe os pequenos para conhecer a cultura que corre no sangue da família.

“Viemos para Campo Grande há pouco tempo e não tínhamos essa vivência indígena na nossa região. Somos descendentes, tanto da parte paterna quanto materna, de indígenas. Antes de vir para cá, expliquei que eles iam ver apresentações, e que nossos bisavós têm descendência indígena, para eles visualizarem tudo isso”, descreve.

Participando da orquestra e também na condução do Ko’ho, instrumento indígena, a musicista Mariana Cabral Nogueira Gonçalves conta que ações como esta são fundamentais para mostrar a cultura.

“Toquei o Ko’ho, que é como se fosse um tambor, e cada região tem o seu diferente, toquei o que é da região de Miranda. Trazer a cultura indígena assim é ocupar espaços, os nossos espaços. É sempre importante termos os povos indígenas com representatividade”, afirma.

Musicista, Mariana toca Ko’Ho instrumento indígena. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

Para que a população conheça mais sobre a gastronomia indígena, o Aldear Espaços também montou uma mesa com os sabores para a degustação do público. Pratos à base de mandioca, como Hî-hî, Jety mbichy e Pireka’i, e muitas frutas. “Essa mesa trouxemos para que a população externa, a sociedade em geral, conheça como era a nossa tradição na questão alimentar lá atrás, há 30, 40, 50, 60 anos e que ainda hoje é viva dentro dos territórios”, explica o subsecretário, Fernando Souza.

Mesa farta trouxe sabores das comunidades indígenas onde a culinária é baseada na mandioca e nas frutas. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)
Público presente degustando dos pratos indígenas. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

Povos Indígenas

Hoje em Mato Grosso do Sul são mais de 116 mil indígenas, que vivem nos 79 municípios, 28 deles com territórios indígenas, e outros seis com grandes aglomerados. O Estado é formado por oito etnias: Guarani, que é o maior grupo, sendo seguido pelo povo Kaiowá, depois Terena, Kadiwéu, Ofaié, Kinikinau, Atikum e Guató.

A próxima ação “Aldear Espaços” será realizada no saguão da Assembleia Legislativa, no dia 16 de abril, às 8h.

Orquestra indígena abriu a programação do evento no hall do complexo de blocos onde funciona a Cidadania, Escolagov, Fundesporte e Ageprev. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)
Aldear Espaços vai ocupar prédios públicos durante todo o mês de abril. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

Paula Maciulevicius, Comunicação da Cidadania. 
Fotos: Paula Maciulevicius

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