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Ciência e saberes

O conhecimento empírico quando testado pela ciência, e aprovado, adquire status de verdade científica. Ou vice-versa?

Quando publicado o decreto estadual do fogo, texto no qual não foram acolhidas inúmeras propostas das instituições pantaneiras – leia-se Sindicatos Rurais, SODEPAN e demais entidades ligadas ao agro da planície – e, ainda muito longe sequer de se imaginar que hoje teríamos essa ferramenta de grande importância que será o SIFAU no combate aos incêndios no Pantanal, o pantaneiro tentou de todas as formas se fazer ouvir.

A soberba de um certo poderoso consórcio, acobertado por parte da mídia, impediu que os saberes adquiridos em séculos de convivência com o Pantanal fossem considerados naquele momento em que seriam construídas as normativas aplicáveis ao bioma no enfrentamento do fogo.

Quando o pantaneiro dizia que a queimada inteligente é aquela feita em anos alternados e no início da vazante, ele está dizendo que a macega e as invasoras estarão sempre melhor controladas e que nessa ocasião a umidade é alta, as temperaturas são mais baixas, os ventos predominantes, à exceção do vento sul que é previsível, são fracos e frescos, o solo ainda está úmido e, portanto, o fogo estará restrito aos locais em processo de enxugamento. “Queimar de bola, queimar salteado” são as nomenclaturas para essa prática secular que não por acaso confirma aquilo que a ciência tão festejada neste momento de tragédia vem nos oferecer.

Nos países mais adiantados, as políticas públicas são elaboradas após amplos debates com as comunidades nas quais serão aplicadas, mas infelizmente o estado brasileiro nem sempre observa esse procedimento e isto deságua, quase sempre, em perda de tempo, dinheiro e Natureza.

Na esperança de que esta possível e desejável soma de conhecimentos nos leve a um caminho mais racional, quando se discute os temas ambientais que envolvem o Pantanal em nosso estado e, perseguindo as metas propostas pelas UINC,TNC e outras organizações pelo mundo que falam da necessidade de se observar e aproveitar os conhecimentos que comprovadamente deram bons resultados em determinados biomas, como é o nosso caso, com os programas OMECs, Organização do Modelo Espacial de Conservação , penso necessário que se aprofunde o debate, sem radicalismos ou pressões ilegítimas ,em busca da tão necessária paz ambiental para a família pantaneira.

Manoel Martins de Almeida

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