Há alguns dias, conhecidas ongs, usaram sua correias de transmissão para amplificar palavra de ordem que os “moradores” do Porto da Manga estavam sendo “expulsos” pelo fogo naquela localidade.
Lembrei-me imediatamente de Alfredo de Taunay, escritor de ” A retirada da Laguna”, que com seus escritos e aquarelas preciosos, transmite-nos o conceito do fogo inimigo, por ele entrevisto nas colunas de fumaça com que os inimigos saqueavam e pilhavam o gado na região da Nhecolândia.
Isso nos faz lembrar que os conceitos clássicos do equilíbrio derivado da harmonia dos quatro elementos fundamentais: Água, Fogo, Ar e Terra.
Do uso ou abuso desses elementos definimos três pólos antagônicos e desequilibrados pelo homem no uso desses elementos.
O rural, onde as empresas rurais, com seus avanços tecnológicos produzem em alta escala, utilizando-se da terra e água em grande quantidade…
O urbano também extrativista e industrial, criou numa escala de milhões, uma produção variada dependente de mão de obra barata e consumidores afoitos, retirando da natureza toda uma gama de insumos, com altíssimo consumo e destruição de todos os quatro elementos
Entre estes dois pólos, que mantém atrito permanente pois todo o alimento e insumos minerais e energéticos são oriundos de fora da cidade, que deseja trocar seus atrativos urbanos, sua qualidade de vida o mais vantajosamente possível, construíram-se as bilionárias fortunas dos empreendedores, industriais e banqueiros.
Tal acúmulo de poder e capital ocioso levou esses atritos a áreas até então insuspeitas nos dois pólos.
O temor do fogo do inferno, arrependimento e remorso, levou ao financiamento dos ativistas ambientais, que pregam sempre um retorno ao religioso culto dos quatro elementos originais de Gaia, seus modernos deuses.
Aí surgiu o belicoso e intolerante pólo que misturou todas as ideologias urbanas, o pólo ambiental.
Daí a se considerarem arcanjos portadores do espada flamejante, e sem importar meios, logo começar a impor a expiação das culpas dos outros pólos humanos…
Nos anos setenta a tragédia das enchentes, dos assoreamentos, da ocupação sistemática dos Planaltos, surge deslumbrando os olhos do mundo, uma região singular onde os quatro elementos eram respeitados e davam sustento e autonomia a seus habitantes: o Pantanal!
No Pantanal a terra pode virar água, a água virar terra, o ar pular em pouco tempo do calor abrasador pro zero do frio, e o fogo, ah o fogo, o fogo é antigo de 12.000 anos e é sempre um fogo amigo.
Filho da ancestral Mãe do fogo, que todo pantaneiro conhece!
E ele, o pantaneiro, sabe cuidar com humildade dos humores da terra, da água, do ar e do amigo fogo, entesourar e cuidar solidariamente das plantas, árvores , animais e peixes, evitando extrai-los comercialmente, no todo ou em parte.
Ter o máximo de auto suficiência com o que planta e cria neste lugar cujas inconstâncias o tornam tão abençoado, amar incondicionalmente o lugar que vive, pertencer feliz ao lugar que ama!
Mesmo com risco de me prolongar, fiz este “vol d’oiseau”, cumprindo-me ainda desenhar aos reducionistas que tomam uma frase ou palavra para não responder ao todo, que trata-se talvez, de uma metáfora,
Preciso situar o Pantaneiro e o Pantanal, como algo distinto de todos os muros ideológicos criados pela fértil mente humana.
A Natureza não é um bem de valor econômico, este dito de Karl Marx é repudiado historicamente pelos pantaneiros talvez ai resida a motivação de tantos e tão virulentos ataques.
Os pantaneiros, apesar de devotos de vários Santos, não acendem velas ao Santo Karl Marx, padroeiro de tantas e tão dogmáticas e preconceituosas milícias eco.
A matéria dos “especialistas” desesperados para contestar o boi bombeiro, com o boi incendiário de um rebanho que não está na Planície pantaneira, antes no Planalto circundante, por conta de terem talvez soprado isso para o inquérito judicial, e agora serem confrontados com a verdade, um nome resume tudo:
Equus vandoni!
Num passado longínquo ele junto com outros herbívoros de grande porte, fez desta imensa planície pantaneira um Jurassic Park edênico.
Obrigado Ex-pracinha Umburanas que o pescou com tarrafa quando escavaram o alicerce da tomada de água, infelizmente queimado por outro fogo inimigo que o destruiu junto com o Museu Nacional no RJ.
Quanto ao Gabeira, continuamos a respeitar o Deputado que veio tantas vezes ao Pantanal dividido e ouvindo nossos reclamos tentou sinceramente reunificá-lo no Projeto de Lei do Território do Pantanal, os chavões e dogmas que repetiu hoje na imprensa, são perdoáveis pois os atribuímos ao maior envenenamento por fake news da história da justiça, da imprensa, da academia e da política Nacional.
Seguiremos pedindo perícia técnica independente para julgar estes 40 anos que o pantaneiro sofreu duas vezes, uma quando previu e outra quando aconteceu, em que os poderes públicos , nos seus três níveis e nas suas três manifestações formais, ficaram reféns dessas manipulações externas.
E essa história de vender o gado, macegar, incendiar e voltar tudo renovado pela queimada, acusação reiterada aos pantaneiros? Bem, depois de 2019 situação de domínio público com o curioso nome de “síndrome da braquiária caimã” .
Hora de voltar ao noticiário que dá conta que hoje, finalmente queima a Manga do Barão ou Porto da Manga, onde estes “especialistas” talvez mantenham ativa célula de ativismo ecológico e empoderamento político.
Boca do São Lourenço, Serra do Amolar, Paraguai mirim, Baía Negra, Porto da Manga, invasões na br 262 do buraco das Piranhas até Fazenda Cristo, trevo do São Simão e pantanal do Rio Negro, quantas coincidências coincidem com a atuação de alguns desses “especialistas”.
E por que não, outra coincidência, o fogo incontrolável nesses mesmos lugares com os bodes expiatórios pré selecionados, como disse alguém na rua, a Nasa viu…
Um dia, o fogo amigo ganhou do fogo inimigo, quem sabe cultuando o fogo antigo, os Pantaneiros possam repetir a dose!
Armando LacerdaPorto São Pedro