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Coro de anta, avoa

Menino viu o velho Chô Nholo, com agilidade juvenil, parecendo um deus Mercurio,
pulando e correndo pela morraria!

Atribuiu às precatas, de couro de anta, que adaptavam confortavelmente,
pés a pedras e espinhos!

Olhou seus pés aprisionados…

Algemados nas ortopédicas, e
cariocas botinas Dr. Scholl!

No aniversário pediu, quero precatas de couro de anta, para pisar num chão de nuvem, igual Chô Nholo!

Informado do desejo, Chô Nholo chegou em sua montaria,
trazendo um pedaço
precioso do couro de anta, para marcar do pé o contorno, com golpes precisos de faca!

Além dos dois pés o vão do dedão, menino num teve medo pois sabia
que ali seriam presas as asas, que fariam o milagre:

Voar no coro da anta!

E veio o dia festivo, na canoinha Chô Nholo chegou, com as precatas de couro de anta, embrulhadas em velho papel!

Ali mesmo no Porto do Novos Dourados, à sombra do antigo tarumeiro, o
presente foi experimentado e passou a ser usado, – agora paciência, disse rindo Chô Nholo, -as beradas vão curvar prá cima e arremedar uma chalana!

É com orgulho que até hoje, dezenas de anos depois, velho ainda sonha voar com precatas de couro de anta!

Este é verdadeiro e original calçado do Pantanal, chalanas nos pés, cuja tradição reconduz o eterno menino ao coração!

Armando Arruda LacerdaPorto São Pedro

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