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‘Meu esposo hoje não volta’, diz viúva de Clezão a deputado esquerdista

Clériston Pereira da Cunha morreu no complexo penitenciário da Papuda, onde cumpria pena pela participação nos atos de 8 de janeiro

Na sessão de quarta-feira, 11, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Edjane da Cunha, uma viúva de 46 anos do falecido Clériston Pereira da Cunha — mais conhecido como Clezão — se irritou ao ouvir o discurso do deputado federal Túlio Gadelha (Rede-PE). Clezão faleceu em 20 de novembro de 2023, no Complexo Penitenciário da Papuda, onde estava cumprindo pena por seu envolvimento nos eventos de 8 de janeiro.

“A culpa é de vocês, que não fazem o trabalho direito”, exclamou Edjane ao parlamentar. “A culpa é sua, a culpa é da esquerda. Meu esposo hoje não volta, e vocês estão aí falando uma narrativa que não existe. Sempre vou lutar pelo meu esposo, Clezão. O Jorginho é um senhor, que está morrendo, e mais famílias vão estar morrendo e sofrendo o que estou sofrendo.”

Durante a discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/21, que restringe as decisões individuais do Supremo Tribunal Federal (STF), o colegiado também planejava incluir como pauta adicional o PL que concede anistia aos presos do 8 de janeiro. No entanto, devido à falta de votos para inserir o assunto na pauta, a discussão sobre o texto foi adiada para depois das eleições de outubro.

Durante seu discurso, Gadelha argumentou que ocorreu uma tentativa de golpe em 8 de janeiro. Ele alegou que os invasores das sedes dos Três Poderes exibiam cartazes pedindo intervenção militar e a “demissão de ministros do STF”.

“Naquele dia, as pessoas invadiram o Congresso com a intenção de tomar o poder”, disse Gadelha. “Foi dito que o fato de não existir força não faria do movimento de golpista. Mas uma tentativa de homicídio não necessariamente precisa da força do autor para configurar uma tentativa.”

O parlamentar expressou que seu “coração partido” ao testemunhar as esposas dos prisioneiros do dia 8 de janeiro levantando cartazes pedindo a libertação de seus parceiros. A reunião foi caracterizada pela presença de vários membros da família.

“Fico de coração partido quando vejo essas senhoras, quando vejo: liberdade para o meu esposo, Jorginho”, continuou Gadelha. “Fico com coração partido, pois, muitas vezes, essas senhoras não respondem pelos atos de seus maridos. Fico mais indignado porque tem colegas que vêm aqui no microfone falar que não foi cometido crime, mas essas pessoas não estavam no 8 de janeiro. Essas pessoas foram presas por tentativa de golpe de Estado.”

A interrupção da fala do parlamentar veio da viúva do Clezão, que expressou seu desejo de que a tragédia que ocorreu em sua família não se repetisse na dele. “Que você não venha sentir a dor que estou sentindo”, declarou ela, com sua filha, Kesia da Cunha, 23, conhecida como Gadelha, ao seu lado.

Morte de Clezão

No mês de maio do ano anterior, os representantes legais de Clezão solicitaram a libertação de seu cliente, apoiando-se no “estado de saúde delicado” do empresário. Entretanto, a ação não progrediu.

Em agosto, um parecer foi emitido pela Procuradoria-Geral da República (PGR), recomendando ao STF a liberdade provisória do réu através de medidas cautelares, devido à presença de comorbidades.

Ainda não havia uma análise do pedido pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Clezão, que tinha 46 anos e residia no Distrito Federal, foi detido em flagrante no Senado. De acordo com seus advogados, sua prisão aconteceu “sem saber dos atos ilícitos de vandalismo que ocorriam e sem participar dos crimes que lhe foram atribuídos”.

As informações são da Revista Oeste

 

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