Cuba enfrenta a pior crise em décadas com apagões, fome e êxodo migratório
Cuba enfrenta a pior crise em 60 anos com apagões, escassez de alimentos e êxodo populacional
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Cuba vive o momento mais crítico em 60 anos, com apagões nacionais, escassez de alimentos e um êxodo massivo de sua população. A crise, considerada a pior desde a ascensão de Fidel Castro em 1959, já levou mais de 675 mil cubanos aos Estados Unidos desde a pandemia de COVID-19, contribuindo para uma redução populacional de cerca de 1 milhão de pessoas.
Um Cenário de Desesperança
A Plaza de la Revolución, outrora repleta de turistas norte-americanos tirando fotos e passeando em clássicos conversíveis dos anos 1950, agora reflete o abandono. Motoristas de carros antigos, que antes faturavam 40 dólares por hora, como o ex-professor de engenharia Luis Manuel Pérez, hoje têm dificuldade em conseguir um cliente por dia.
“É uma diferença abissal,” lamenta Pérez.
Os pequenos negócios, incentivados pelo governo nos últimos anos, estão em colapso. Ruas de Havana acumulam lixo devido à falta de combustível para a coleta, e muitos cubanos relatam uma crescente desesperança.
“Há 10 anos, havia esperança. Agora, há desesperança,” resume Adriana Heredia Sánchez, dona de uma loja em Havana Velha.
Fatores da Crise
A crise é atribuída a três pilares principais:
- Endurecimento das políticas norte-americanas sob Donald Trump, que revogou muitas medidas de abertura implementadas por Barack Obama.
- Gestão ineficaz da economia cubana, incapaz de responder às demandas internas.
- Impacto devastador da pandemia de COVID-19, que afugentou turistas e agravou as dificuldades financeiras.
O turismo, antes um motor econômico vital, registrou uma queda de quase 50% desde 2017, prejudicado também por restrições de vistos dos EUA que complicaram viagens até para europeus.
Comparação com Crises Passadas
Especialistas apontam que a atual crise é ainda mais severa do que a dos anos 1990, quando o colapso da União Soviética privou Cuba de seu principal suporte econômico. Desde outubro, o país já enfrentou três apagões nacionais, e até indicadores que eram motivo de orgulho do regime, como a taxa de mortalidade infantil, têm piorado.
Alimentos básicos como arroz, feijão e leite muitas vezes chegam atrasados ou simplesmente não aparecem nas prateleiras das lojas estatais.
O Papel dos Estados Unidos
O futuro de Cuba está ligado às políticas norte-americanas. Com a possibilidade do retorno de Donald Trump à presidência, especula-se que o senador Marco Rubio, defensor de uma postura linha-dura contra Cuba, possa se tornar secretário de Estado, endurecendo ainda mais as relações bilaterais.
“O governo cubano nunca aproveitou as oportunidades para permitir uma mudança gradual em resposta à vontade popular. Então agora estão presos no colapso social,” afirmou Zúniga, analista político.