
O projeto em estudo pelo governo federal para oferecer um plano de saúde popular ao custo de até R$ 100 já vem provocando críticas entre especialistas do setor. Um dos mais contundentes foi o infectologista Francisco Cardoso, integrante do Conselho Federal de Medicina, que classificou a proposta como “um estelionato eleitoral”.
Segundo o médico, trata-se de uma promessa impraticável, motivada por interesses eleitorais e descolada da realidade dos custos médicos no país.
“É impossível fazer um plano de saúde a R$ 100”, afirmou Cardoso em entrevista ao Jornal da Oeste, nesta terça-feira (22). “Esse projeto de Lula é um estelionato eleitoral.”
Crítica ao abandono do SUS
Para o infectologista, a iniciativa do governo representa a “decretação oficial” de que o Executivo petista abandonou o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele afirma que o plano é uma medida puramente populista e que contradiz os compromissos históricos do Partido dos Trabalhadores com o sistema público de saúde.
“Se é responsabilidade do governo oferecer saúde à população, e o Estado cria essa medida, isso significa que o governo desistiu do SUS”, destacou Cardoso.
Silêncio dos defensores do SUS
Francisco Cardoso também manifestou surpresa com a falta de reação de entidades e lideranças que tradicionalmente defendem o SUS, diante do que classificou como uma iniciativa flagrantemente contrária à filosofia do sistema público.
“Estou admirado com o silêncio daqueles que defendem o SUS”, observou. “Essa proposta é uma cortina de fumaça para esconder a ineficiência do governo na gestão do sistema de saúde.”
Plano popular faz parte de novo pacote da Saúde
De acordo com informações da revista Veja, a proposta de criação de um plano de saúde acessível será integrada ao pacote de medidas do Ministério da Saúde, sob o comando do ministro Alexandre Padilha. A ideia é transferir parte dos atendimentos atualmente feitos pelo SUS para a rede privada, com repasse de verbas públicas, por meio de convênios e contratos com operadoras.
A iniciativa visa, segundo o governo, desafogar o SUS e oferecer mais opções aos usuários. No entanto, críticos apontam que a medida representa uma privatização indireta do atendimento, sem solucionar os problemas estruturais da saúde pública brasileira.