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Irmão de Lula aparece como vice-presidente em sindicato ligado a esquema de R$ 6,3 bilhões no INSS

SINDNAPI, onde Frei Chico é vice-presidente, está entre as entidades que tiveram convênios suspensos após operação da Polícia Federal

Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocupa o cargo de vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (SINDNAPI/FS) — entidade que está no centro de uma investigação da Polícia Federal por envolvimento em fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O suposto esquema criminoso teria causado um rombo de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.

O SINDNAPI foi uma das organizações que tiveram seus convênios com o INSS suspensos após a deflagração da operação Sem Desconto, nesta quarta-feira (23). A ofensiva nacional mobilizou 700 agentes federais e 80 servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), em 13 estados e no Distrito Federal, para cumprir 211 mandados de busca e apreensão, seis de prisão temporária e ordens de bloqueio de bens.

Entidades investigadas por fraudes em descontos indevidos

O SINDNAPI/FS faz parte de uma longa lista de entidades que, segundo as autoridades, aplicaram descontos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas. Além dele, estão na mira da investigação:

  • Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec)
  • Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB)
  • Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen)
  • Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
  • Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo)
  • União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (UNASPUB)
  • Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer)

A Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) também teve convênios suspensos, mesmo sem ter sido alvo de mandados.

Fraudes visavam os mais vulneráveis, diz Lewandowski

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que os beneficiários do INSS — em sua maioria idosos e pessoas em situação de fragilidade — foram vítimas de uma organização criminosa estruturada.

“Foi uma operação de proteção dos aposentados. Essa foi uma fraude contra pessoas que estão em uma fase adiantada da vida, naturalmente debilitadas, e que se tornaram vítimas fáceis de criminosos que se apropriaram das pensões e das aposentadorias”, declarou Lewandowski em entrevista coletiva.

Segundo as investigações, os descontos ocorriam sem o conhecimento ou consentimento dos aposentados. Os valores eram direcionados automaticamente às contas das entidades, por meio de convênios firmados com o INSS entre 2019 e 2024. O controle precário e a ausência de fiscalização eficaz contribuíram para a sustentação do esquema por anos.

SINDNAPI e ligação com o governo Lula

O envolvimento do irmão do presidente Lula como vice-presidente do SINDNAPI levanta questionamentos políticos e éticos. Embora Frei Chico não esteja, até o momento, entre os alvos diretos da operação, sua posição de liderança na entidade o coloca sob observação pública.

A atuação do sindicato dentro da estrutura da Força Sindical, historicamente ligada à base de apoio do PT em setores organizados da sociedade, também atrai atenção em meio ao escândalo.

O governo Lula ainda não se pronunciou oficialmente sobre o envolvimento de Frei Chico e as implicações políticas da presença de aliados em entidades sob investigação.

O impacto e os próximos passos

A Operação Sem Desconto é considerada uma das maiores ações recentes contra fraudes no sistema previdenciário brasileiro. Os R$ 6,3 bilhões desviados referem-se a mensalidades associativas, planos de saúde e seguros indevidamente cobrados.

Os responsáveis poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, violação de sigilo funcional, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo a CGU, o objetivo agora é garantir responsabilização administrativa, cível e criminal dos envolvidos, além da reparação dos danos causados aos beneficiários da Previdência.

Veja o que diz o SINDNAPI:

O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) declarou apoio às investigações sobre denúncias de descontos indevidos nos benefícios pagos a aposentados e pensionistas do INSS. Segundo a entidade, proteger os direitos dessa parcela da população é uma prioridade fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

“Quando surgem denúncias de descontos irregulares nos benefícios, é essencial que essas alegações sejam levadas a sério e investigadas de forma rigorosa”, afirma o presidente do Sindnapi, Milton Cavalo. “Essas denúncias podem afetar diretamente a vida de muitas pessoas que dependem desses recursos para garantir seu sustento e bem-estar.”

Para o sindicato, uma apuração séria e transparente permite não apenas corrigir falhas, mas também demonstrar o compromisso das autoridades em proteger os direitos dos beneficiários, promovendo maior confiança no sistema previdenciário.

“O Sindnapi apoia firmemente a investigação das denúncias. Faz parte do nosso DNA a defesa dos beneficiários do INSS e a luta contra golpes que afetam os ganhos dessa população”, reforça Cavalo.

Ainda segundo o presidente, investir em investigações detalhadas também fortalece a credibilidade das instituições que, como o Sindnapi, atuam em defesa dos direitos dos aposentados, pensionistas e idosos. “Afinal, garantir que os aposentados recebam o que lhes é de direito é uma questão de justiça e respeito à dignidade de cada pessoa que contribuiu ao longo da vida para construir o país”, conclui.

✍🏼 Milton Cavalo – presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi)

 

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