
A repressão na Venezuela ganhou novo capítulo nesta quinta-feira (26), com a revelação de que Merlys Oropeza, jovem de 25 anos, foi condenada a dez anos de prisão por criticar o governo de Nicolás Maduro nas redes sociais. A sentença, segundo fontes ligadas ao caso, foi emitida no último dia 23 de junho, no estado de Monagas, nordeste do país.
Merlys foi presa em 9 de agosto de 2024, apenas onze dias após as eleições presidenciais venezuelanas, marcadas por denúncias de fraude eleitoral. A publicação que motivou a prisão ocorreu no Facebook, onde ela escreveu:
“Que ruim que uma pessoa dependa de uma bolsa.”
A frase fazia referência a um programa estatal de distribuição de alimentos subsidiados. O alvo da crítica era uma chefe comunitária chavista, responsável pela entrega dos produtos, que a denunciou às autoridades.
Uso da Lei Contra o Ódio para perseguir dissidentes
A jovem foi enquadrada na Lei Contra o Ódio, criada em 2017, que vem sendo usada sistematicamente pelo governo Maduro para silenciar opositores. Organizações de direitos humanos denunciam o uso abusivo da legislação como ferramenta de repressão e intimidação, impondo penas desproporcionais a críticas ou manifestações nas redes.
A sentença de Merlys não foi oficialmente divulgada pela Justiça venezuelana, mas a agência AFP confirmou a decisão por meio de uma fonte próxima ao caso.
Estado emocional e contexto de repressão
Após a prisão, uma carta manuscrita da jovem passou a circular nas redes sociais, na qual ela relata o sofrimento emocional:
“Estou quebrada, mamãe. Estou vazia, papai. Não tenho mais forças para continuar vivendo.”
O caso de Merlys se soma a uma onda de prisões que se intensificou após os protestos contra a reeleição de Maduro, em julho de 2024. As manifestações deixaram ao menos 28 mortos, quase 200 feridos e cerca de 2.400 pessoas detidas.