
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil fez nesta segunda-feira (14) uma crítica contundente ao Supremo Tribunal Federal (STF), chamando a instituição de “Supremo Tribunal de Moraes” em postagem oficial na plataforma X (antigo Twitter). A publicação repercutiu declarações do subsecretário norte-americano Darren Beattie, ligado ao senador Marco Rubio, e manifestou apoio à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros determinada pelo presidente Donald Trump.
“Esses ataques são vergonhosos e desrespeitam as tradições democráticas do Brasil. As declarações do presidente Trump são claras. Estamos acompanhando de perto a situação”, afirmou a Embaixada.
Segundo Beattie, as medidas adotadas pelo governo dos EUA são uma resposta direta à atuação da Justiça brasileira contra Jair Bolsonaro, à restrição da liberdade de expressão e à interferência no comércio com empresas norte-americanas.
STF evita comentário sobre o caso
Procurado pelo jornal Estadão, o Supremo Tribunal Federal não se manifestou oficialmente sobre a publicação da embaixada nem sobre as críticas direcionadas ao ministro Alexandre de Moraes, que vem sendo apontado como protagonista de decisões com efeitos internacionais.
O uso da expressão “Supremo Tribunal de Moraes” sugere, de maneira crítica, a centralização do poder de decisão nas mãos do ministro, o que vem sendo alvo de crescente questionamento por setores políticos e diplomáticos.

EUA investigam práticas comerciais brasileiras
Na esteira das críticas, nesta terça-feira (15), o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) iniciou uma investigação formal contra o Brasil, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. A medida busca avaliar se o Brasil adota práticas comerciais discriminatórias que dificultam o acesso de empresas norte-americanas ao mercado nacional.
Entre os motivos listados no relatório do USTR estão:
- Tratamento desfavorável a empresas de tecnologia dos EUA;
- Barreiras tarifárias ao etanol americano;
- Suposto favorecimento ao Pix, sistema de pagamentos do Banco Central;
- Desmatamento ilegal e passividade frente à pirataria na 25 de Março, em São Paulo;
- Restrições à liberdade de expressão digital.
As críticas norte-americanas reforçam o cenário de tensão crescente entre Brasília e Washington, agravada pelo cenário eleitoral dos EUA e pelos embates institucionais internos no Brasil.