Com tom de ironia, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cuja identidade não foi revelada, reagiu à revogação de vistos imposta pelos Estados Unidos aos integrantes da Suprema Corte brasileira. A resposta foi enviada ao jornal Valor Econômico por meio de uma imagem com a frase “sempre teremos Paris”, célebre citação do filme Casablanca (1942), estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.
A frase foi usada pelo magistrado para fazer alusão à perda do direito de entrada nos Estados Unidos, em referência a um dos destinos europeus mais simbólicos. A ironia expõe o desconforto, mas também sugere desprezo pela decisão americana, tomada em meio a uma escalada de tensões diplomáticas entre os dois países.
EUA anunciam revogação imediata de vistos
O anúncio oficial da revogação dos vistos foi feito nesta sexta-feira (18) por Marco Rubio, Secretário de Estado do atual governo Donald Trump. Por meio da rede social X (antigo Twitter), Rubio afirmou que os vistos do ministro Alexandre de Moraes, de seus familiares e de seus aliados no STF foram cancelados com efeito imediato.
Na declaração, Rubio argumenta que “Trump foi claro em afirmar que seu governo ‘vai responsabilizar estrangeiros responsáveis pela censura à expressão protegida nos Estados Unidos’”. Em tom contundente, ele acusou Moraes de liderar uma “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, com impactos que “ultrapassam as fronteiras do Brasil para atingir americanos”.
Além de Moraes, outros magistrados também foram afetados, com exceção de Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux, que permaneceram com seus vistos válidos. A medida marca uma ruptura significativa no diálogo diplomático entre Washington e Brasília, especialmente diante das funções exercidas por Moraes na condução de processos sensíveis envolvendo Bolsonaro.
Medidas contra Bolsonaro também provocaram reação
Entre as decisões mais recentes de Moraes que motivaram a reação americana está a imposição de uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além da proibição de que ele se aproxime de embaixadas. Bolsonaro também foi proibido de manter contato com seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Na mesma sexta-feira, Bolsonaro foi alvo de operação da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão como parte das investigações conduzidas sob ordem do STF.
A retaliação americana é vista como uma crítica direta à atuação de Moraes e do STF em casos relacionados à liberdade de expressão, interferência política e repressão judicial, segundo os parâmetros definidos pelo atual governo dos Estados Unidos.
