O setor de aviação brasileiro parece estar em queda livre. Passageiros se queixam de preços exorbitantes, enquanto as companhias aéreas lutam para se manter lucrativas. Mas o que exatamente está acontecendo com a aviação no Brasil? Por que, para muitos, viajar de avião se tornou um luxo inatingível?
Um dos pilares do problema é a baixa concorrência. Com apenas três grandes empresas dominando o mercado – Latam, Gol e Azul – a falta de disputa por passageiros permite que os preços das passagens se mantenham elevados. A entrada de novas companhias aéreas ou o aumento da capacidade das existentes poderiam, teoricamente, forçar uma competição por tarifas mais acessíveis. No entanto, o ambiente regulatório complexo e os altos custos operacionais são barreiras significativas para novos entrantes.
Além da concorrência limitada, os custos operacionais no Brasil são estratosféricos. O preço do querosene de aviação (QAV), que representa uma fatia considerável dos gastos de uma companhia aérea, é um dos mais caros do mundo devido à alta carga tributária e à política de preços da Petrobras. Somam-se a isso os elevados custos de manutenção, infraestrutura aeroportuária e as despesas com pessoal, que tornam a operação no país financeiramente desafiadora.
A infraestrutura aeroportuária, embora tenha melhorado em alguns aspectos nos últimos anos com as concessões, ainda apresenta gargalos. A capacidade de alguns aeroportos está no limite e a qualidade dos serviços oferecidos nem sempre justifica as altas taxas cobradas.
E o que dizer do passageiro? Ele se vê encurralado. Mesmo com a promessa de maior conectividade, a realidade é que muitas rotas regionais foram cortadas por serem consideradas “não lucrativas”, deixando diversas cidades sem opções de voo. As bagagens despachadas, que antes estavam inclusas no valor da passagem, viraram um custo adicional, encarecendo ainda mais a viagem.
Para sair dessa espiral negativa, é preciso um esforço conjunto. Reduzir a carga tributária sobre o QAV e as empresas aéreas, incentivar a entrada de novos players, modernizar e expandir a infraestrutura aeroportuária e revisar as políticas de cobrança de taxas são passos essenciais. Sem essas mudanças estruturais, o setor de aviação brasileiro continuará “quebrado”, penalizando tanto as empresas quanto, e principalmente, o bolso do cidadão.
Da redação: Midia News, por: Flavio Fontoura