
Sair de um relacionamento abusivo não é simples — e quem já viveu essa realidade sabe o quanto envolve medo, confusão emocional, dependência (afetiva, financeira ou social) e, muitas vezes, risco real à integridade física e psicológica. Ao contrário do que muitos pensam, não basta “ter força de vontade” ou “acordar para a vida”. A pessoa precisa de um plano, apoio e, principalmente, segurança.
Neste texto, vamos falar de forma objetiva e acolhedora sobre como sair de um relacionamento abusivo com segurança, protegendo-se e retomando o controle sobre a própria vida.
1. Reconheça o abuso: o primeiro passo
O primeiro desafio é identificar que você está em uma relação abusiva. Nem todo abuso é físico — o emocional, psicológico, financeiro ou sexual também machuca e deixa marcas profundas.
Sinais comuns incluem:
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Controle excessivo (sobre roupas, amizades, dinheiro, horários);
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Ameaças, chantagens ou intimidação;
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Isolamento social;
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Humilhações constantes;
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Gaslighting (fazer você duvidar da própria sanidade);
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Violência física ou sexual.
Reconhecer que isso não é normal, nem amor é o passo inicial — e também o mais difícil.
2. Monte um plano de saída discreto
Jamais anuncie para o abusador que você pretende terminar, especialmente se ele for agressivo ou instável. Isso pode aumentar o risco de violência. Monte um plano silencioso:
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Identifique um local seguro para onde possa ir (casa de parentes, amigos ou abrigo);
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Separe documentos essenciais: identidade, CPF, cartão do banco, certidões, remédios e roupas básicas;
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Crie uma rede de apoio confiável, mesmo que pequena: amigos, familiares ou vizinhos em quem você possa confiar;
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Faça cópias digitais de provas, caso haja mensagens, fotos, gravações ou qualquer evidência de abuso.
3. Busque apoio psicológico e jurídico
Um relacionamento abusivo afeta a autoestima, a percepção da realidade e pode gerar culpa e medo paralisantes. Ter acompanhamento psicológico é essencial para reconstruir a autoconfiança e entender os mecanismos do abuso.
Além disso, é fundamental:
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Procurar a Delegacia da Mulher (ou a delegacia comum) para registrar a ocorrência;
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Solicitar medida protetiva, caso haja risco;
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Contatar organizações como o Ligue 180, que oferece orientação e encaminhamento para mulheres em situação de violência;
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Verificar a possibilidade de atendimento jurídico gratuito, por meio da Defensoria Pública.
4. Priorize a sua segurança em todas as etapas
Durante e após o término, é comum que o agressor tente reverter a situação, ameaçar ou manipular emocionalmente. Por isso:
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Evite contato direto com o abusador, inclusive por redes sociais ou telefone;
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Altere senhas de e-mails, redes sociais e bancos;
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Avise a escola dos filhos, se houver, sobre a situação;
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Tenha um telefone de emergência e mantenha uma cópia do plano de segurança em local protegido.
A segurança deve vir antes de qualquer outra decisão.
5. Dê tempo ao seu processo
Sair de uma relação abusiva é doloroso. Você pode sentir culpa, dúvida, medo ou saudade — e tudo isso é normal. Mas com o tempo, apoio e ajuda profissional, é possível reconstruir sua vida.
Você não precisa dar conta de tudo sozinha(o). Permita-se sentir, pedir ajuda e recomeçar com cuidado e amor-próprio. sp love
Conclusão
Sair de um relacionamento abusivo é um ato de coragem, mas também de estratégia e proteção. Ninguém merece viver sob medo, manipulação ou violência. Você tem o direito de viver com dignidade, afeto e liberdade.
Você não está sozinho(a). Há caminhos, há apoio, e há vida depois do abuso.
Procure ajuda, confie no seu valor e saiba: recomeçar pode ser assustador, mas é também a chance de se reencontrar com quem você realmente é.
Se você está em situação de risco, ligue 180 — a Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas, de forma gratuita e sigilosa. Sua segurança é prioridade.
Fonte: Izabelly Mendes