
Cinco anos depois desta resenha do livro e dos repetitivos incêndios desde 2020, finalmente Jorge Caldeira veio ao Pantanal trazendo pessoalmente a atualização, até este 31 de julho de 2025, onde brindou aos que foram ao Chá Acadêmico na sede da ASL Academia Sul Matogrossense de Letras, com a mais elucidativa palestra sobre carbono neutro e créditos de carbono.
Naqueles idos de 2020, em momentos de puro desespero, Jorge Caldeira e seu livro inspiraram-me para também tentar compartilhar um modesto ” Prevenção de Incêndios no Pantanal, Apontamentos Empíricos ” (link ao final) , por favor sigam-me como se estivéssemos em 2020 até as barrancas do Rio Paraguai no Porto São Pedro, com o livro do Nestre Jorge Caldeira em mãos:
” – O Pantanal sempre despertou sentimentos antes arraigados no
subconsciente, e que podem ser vislumbrados nos mapa mundi dos
primeiros cartógrafos, que sempre intuíam no centro da América do
Sul, um lago ou mar que seria o Jardim do Éden de onde emanariam os míticos rios do Genesis, presentes nas culturas
monoteístas dominantes.
Para muito além da coincidência de nomes de rios existentes, a mítica da descoberta do Novo Mundo trouxe novos significados idealizados para tais nomes constantes no Livro de Gênesis, e novas coincidências à
medida que europeus descobriam o Pantanal:
* Phison – ” o que flui com crescimento e onde se encontra o ouro;
* Geon – “o que flui com correnteza forte que desmancham margens;
* Tigre – “traduzido do hebraico como – o que flui rápido;
Eufrates – ” cuja tradução significa – que flui doce e fácil.”
Lago Eupana ou Eldorado, Lagoa de Xaraiés, estas idéias
atravessaram séculos e até hoje seguem sendo buscados os encontros
entre o Racional e o Espiritual, como podemos comprovar no recente e pesquisado livro do Historiador Jorge Caldeira -“Brasil, Paraíso Restaurável.” , que tem como uma das coautoras a repórter pantaneira Luana Schabib.
Os corredores de vegetação, com variados trabalhos científicos por
Arnildo Pott e Geraldo Damasceno da UFMS, que pesquisam o fogo como modelador das paisagens vegetais ao longo dos rios e o caráter de área de transição do Pantanal, por estes “corredores fluviais” trazerem,
partes da fauna e flora de todos os outros Biomas.
Entre Porto Murtinho e Corumbá os dados apontam a existência de um Corredor de Fogo ao longo do Rio Paraguai, que nestas secas de 2019 e 2020, chegaram a Cáceres e via São Lourenço e Cuiabá subiram também para Poconé e Barão de Melgaço.
Como pantaneiro e consultando vários companheiros, fluviários e ribeirinhos resta a certeza entre todos os consultados que nos recentes incêndios todo o esforço foi direcionado para lugares difíceis e complexos, deixando-se incinerar as matas de galeria dos rios
do Pantanal, abandonadas e com a água tão perto…
Entendemos que Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, APAS, Estradas Parques e Rppns têm seu Plano Diretor e de Manejo, que, com certeza trazem, como prevê o Sistema SNUC, de quem é a responsabilidade do combate e mitigação ao fogo e aos incêndios, em suas respectivas áreas.
As matas ciliares do Rio Paraguai, dos outros rios e corixos do Pantanal, que estão sendo brutalmente incineradas são corredores e veias ecológicas entre biomas muito mais importantes ambientalmente que todas as “reservas” idealizadas ou implantadas nos últimos anos, reafirmamos o fato da necessidade de uma mudança radical na política que as preteriu, causando pesados danos ambientais ao Pantanal e danos morais a todos os pantaneiros.
O banco de sementes que poderiam agir nas beiras de rio, se os órgãos do Poder Público se dispuserem a ouvir ou se a Comunidade tradicional pantaneira tiver uma mínima voz nas Salas de Situação, estaremos pelo menos no caminho de minorar os danos tão previsíveis para o período de maior seca em 2021.
Fogo não vira incêndio no Pantanal, se houver controle sobre os acúmulos de massa combustível vegetal e um combate minimamente
estratégico e diferente dos métodos adotados até aqui.”
Passados cinco anos, as Bases espalhadas por todo o Pantanal, como previstas no plano estratégico de prevenção e atuação do Corpo de Bombeiros Militares do Mato Grosso do Sul, começam a gerar as primeiras vitórias, essa trilha levará ao sucesso quando todos as embarcações civis e militares forem dotados de equipamentos de bombeamento e aspersão capazes de molhar, de imediato, as margens nos pontos em que os incêndios oriundos de Parques e Reservas particulares, tentarem continuar a brincar de amarelinha com os melhores aceiros do mundo, nossos rios e corixos.
O Pantanal nunca impõe, só expõe: – Quando antecipadas no espiritual e no imaginário, as situações parecem preparar-se para virar realidade…
Link para ” Prevenção de Incêndios no Pantanal, Apontamentos Empíricos
Armando Arruda LacerdaPorto São Pedro
Quinquênio 2020 a 2025