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Nepal mergulha em crise política e social após renúncia do premiê Oli

Protestos liderados pela juventude, repressão militar, instabilidade econômica e pressão internacional moldam futuro incerto do país

O Nepal vive dias de turbulência que podem redefinir sua trajetória política e social. A renúncia do primeiro-ministro K. P. Sharma Oli, anunciada em meio a protestos de rua sem precedentes, expôs a fragilidade de um sistema pressionado pela juventude e abalado por décadas de instabilidade.

A revolta, que começou com a proibição de 26 plataformas de redes sociais, rapidamente ganhou dimensões maiores. Milhares de jovens, principalmente da chamada “geração Z”, transformaram as ruas de Kathmandu e de outras cidades em palco de contestação contra a corrupção, o nepotismo e a falta de oportunidades econômicas. O movimento foi marcado por forte engajamento digital, ainda que o governo tivesse tentado impor um bloqueio às plataformas.

No campo da segurança, a resposta foi dura: toque de recolher em várias cidades, uso do Exército para conter manifestações e repressão violenta que já deixou ao menos 19 mortos e centenas de feridos. O Parlamento e prédios governamentais chegaram a ser incendiados, simbolizando o colapso da confiança popular nas instituições.

Politicamente, a saída de Oli não trouxe estabilidade imediata. Líderes de oposição e aliados tentam costurar um governo de transição, mas analistas alertam que a crise ultrapassa nomes e cargos: trata-se de um clamor popular por renovação completa do sistema. A criação de uma comissão de investigação e o anúncio de indenizações às vítimas foram recebidos com ceticismo.

A crise também ameaça a economia nepalesa, altamente dependente do turismo, das remessas de trabalhadores migrantes e da estabilidade regional. A instabilidade afasta investimentos e gera preocupação em setores já fragilizados pela pandemia e pelo lento processo de reconstrução pós-terremotos.

No plano internacional, vizinhos poderosos como Índia e China acompanham com cautela. Ambos têm interesses estratégicos no Nepal e podem desempenhar papel crucial na mediação política e na manutenção da ordem. Organismos multilaterais e organizações de direitos humanos já pressionam por moderação na repressão e por garantias de liberdade de expressão.

Diante desse quadro, o futuro do Nepal permanece incerto. A juventude mostrou força inédita nas ruas e promete manter a mobilização, enquanto o vácuo político aumenta os riscos de instabilidade prolongada. O país se encontra diante de uma encruzilhada: ou inicia um processo real de renovação democrática, ou corre o risco de aprofundar ainda mais o abismo entre governo e sociedade.

Da redação Midia News

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