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Taquaras nativas ou bambus exóticos, Pantanal o futuro presente

Os trilhões imaginados da fixação de carbono, levam muitos desavisados a buscar no Pantanal, algo politicamente correto que possam plantar e que não molestariam as sinalizações de virtudes ecológicas dos patrulhadores ideológicos de permanente plantão remunerado.

Embora tenham imaginado a cana de açúcar como a maior fixadora de carbono, um palimpsesto estatal já proibiu a cana na Bacia do Rio Paraguai e liberou na Bacia do Rio Paraná, antigamente duas sub bacias geograficas da grande Bacia Platina.

Além da Geografia, a História também não é o forte na formação científica dessas hordas modernas de sinalizadores de virtudes, pois os Rios Cuiabá e São Lourenço eram grandes produtores de açúcar e aguardante, com dezenas de grandes engenhos e até usinas, onde a Usina Itaici foi maior e mais moderna do Brasil por algum tempo.

Cena comum em Corumbá, em uma pracinha arrendondada antes do antigo portão de ferro do Estaleiro Migueis, era a chegada dos canoeiros ribeirinhos, com feixes e feixes de cana, que eram moidas num engenho a tração animal, e a garapa era processada num galpão que abrigava o alambique, hoje sede de uma rádio, seria a Caninha Tamandaré ? Minha memória viu o alambique e as dornas, mas as garrafas existentes eram da Cerveja Oeste, com sua pintura de ponta de trilho.

Longa digressão para chegarmos à consulta formulada…Pode-se plantar bambu com fins de negociar comercialmente retenção de carbono no Pantanal?

Antes de responder, o Pantanal é ponteado de moitas de bambu de espécies exóticas, que demarcam moradas abandonadas, são constituídas em sua maioria da espécie Bambusa vulgaris.

Mas temos variedades nativas que formam macicos de taboca, o tabocal e constituído por variedades da Guadua paniculata.

Segundo Mestre Pott, tem um maciço enorme de taquaras na beira do rio Paraguai, que para sua identificação definitiva faz-se necessário que o Taquaral floresça, as flores identificarão a espécie…

Botânica é a ciência mais bonita, pois importante matéria prima são as flores.

Não esquecemos de nosso taquarussu, que tanto incômodo causa no rio Miranda e corregos da Serra da Bodoquena quando vai rodando, mas que permite muitos artesanatos e construções, conheci até uma antiga casa num corrego afluente totalmente feita de taquarussu barroteado, até as ripas das telhas eram feitas de taquarussu, que antes que me esqueça é nomeado de Guadua chacoensis.

A lembrança do Mestre Pott me traz de volta outro mestre em minha vida, o Senhor João Goncalves Migueis que repassou algumas lições de Luis Lobo, de velho livro filósofico de sua biblioteca e que falava sobre as Lições do Bambu, muito cultivado e cultuado no Oriente.

Lembro-me que, dizia-me Sr. João que o bambu, diante das dificuldades acima de um patamar, se curva com humildade para sobreviver, não se deixando quebrar para sobreviver..

Outra qualidade interessante dos bambus é ser cheio de nós e oco de eus, estes nós são o motivo que o torna muito forte, para crescer sempre para o alto, muito alto, seu aparente objetivo de vida.

Resumindo, cana de açúcar é um problema fake do Pantanal, pois suas cabeceiras a partir do Rio Piquiri é cheio de usinas de álcool.

Voltemos ao tabocal, que temos visto vários maciços com abundância de bambus nativos e milhares e milhares de moitas, sempre sendo o plantio de primeira eleição em qualquer morada que se vá fundar no Pantanal, mas seria dificil concorrer com o Acre onde 35% da área fisica do estado são constituídas de florestas de bambus.

Quanto ao carbono, nada retém mais carbono que as áreas úmidas do Pantanal, sem precisar plantar nada, só colocar umas vaquinhas e uns boizinhos bombeiros para aparar o excesso de capim, todas as nossas vegetações são exímias fixadoras de carbono, nosso fitoplancton então, nas enchentes, são os campeões mundiais.

Lamento estar compartilhando este segredo mantido por guardiões cruéis e desalmados, no Pantanal o futuro já está presente, obviedade que muitos desejam esconder e só revelar quando tiverem esbulhado e expropiado, com a ajuda de leis, regulamentos, portarias e mapas de criptografados computadores, o último morador tradicional de seu amado lugar no Pantanal.

Armando LacerdaPorto São Pedro

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