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Obstáculos ou objetivos milenares?

Como uma nova cultura se impõe e destrói a anterior? Certamente, imaginam que necessitam arrancar como ervas daninhas quaisquer resquícios da cultura anterior, rotulando-a como perniciosa e um obstáculo à implantação da Nova Ordem.

Cumpre advertir, entretanto, que alguns lugares guardam um sentimento e um espírito atávico de resiliência, além de um terreno tão dificil, que mesmo diante de forças antagônicas que se lhe antepõem , contrapõem justapõem, ainda que impostas pela força por largos lapsos temporais, a única composição possível seria a admissão naquela geografia é impossivel vencer o que já se tornou como um afeganistão no imaginário coletivo comum.

No mundo real, por exemplo, sob forma permanente só a espiritualidade de uma cidade como Jerusalém, onde é impossível não se descobrir que, para muito além das diferenças e obstáculos entre Cristianismo, Judaismo e Islamismo, a estabilidade que equilibra forças tão antagonicamente adversas, ocorre por uma nem sempre visível original ligação espiritual de todos, seja com.o terreno seja com o Único Deus do Patriarca Comum, Abraão.

Há portanto, condições geográficas em determinados lugares do mundo, que abrem essa possibilidade aos homens, ao longo do tempo, em que as conexões espirituais vão se realizando, trazendo uma estabilidade que permita viver no local. construindo alguma perenidade civilizacional viável.

Eis o Pantanal, como é possível não se deixar embriagar por este Jardim do Éden, onde mesmo o mais bruto dos homens consegue ultrapassar os próprios limites e vivenciar a pureza da perfeição da natureza?

Dizem que os homens práticos costumam construir uma estátua aos homens sonhadores, na entrada de algum local, e passam a usufruir, pragmaticamente dos benefícios de uma nova realidade, eis que toda aquela sonhada idealização, agora pode ser decifrada e portanto apta a ser extraída em benefício do bem estar local..

Aparentemente, pouco importa quem tenha construido ou colaborado para que todo aquele potencial chegasse íntegro até esta novos tempos, pode-se até desconsiderar a receita de cooperação e integração de povos de épocas distintas, cuja soma de valores espirituais geraram um saber comum, que transcendeu e incorporou civilizações de milhares de anos.

Impossivel não visualizar nos Landmarks as testemunhas que soerguem-se ou
cruzam o Pantanal, corredores que seguem antigos lineamentos geológicos, acompanham rios. corixos, vazantes e baías, aqui e ali aparecem impressas em baixo relevo nos paredões e nas lajes de pedra de inesperados morros, onde as sequências matemáticas universais rememorando ciclos vitais de fluxo e refluxo, pulsos de excesso e penúria, , desenhando como epístolas aos pósteros, inúmeras artísticas figuras em explicativas sequências e áureas espirais…

No meio do Pantanal, dentro da Mesopotâmia Edenica dos rios que vêm do Norte, existem magníficas encruzilhadas naturais onde todas as dúvidas das vertentes opostas dos dogmas filósoficos conceituais de evolução, deveriam deixar de lado preconceitos trazidos de longe, certezas científicas exógenas que aqui são desmitificadas pela realidade, abrir olhos, desobstruir ouvidos, abandonar prepotência e arrogância, trocar rancores e inveja por sadia curiosidade ante os imprevistos inusitados que o Pantanal corriqueiramente apresenta…

O Caminho do Peabiru que Aleixo Garcia percorreu, unindo oceanos distintos, era muito além de uma trilha bioceanica de comércio ou de acesso e contato entre civilizações distintas, certamente era um corredor de uma espécie de templo de tamanho continental que os iniciados deviam percorrer só munidos do essencial, para, ao cumprir esta jornada pessoal de peregrinação deixar tantas marcas individuais lavradas formando líticos letreiros, para só então retomar sua vida, com a única bagagem permitida, o enriquecimento e a iluminação do espirito.

Relembrando o velho amigo AJ, urge fazermos um levantamento da parte que quebrou e caiu do fabuloso “Letreiro da Gaiva”, talvez seja possível resgatá-lo e disponibilizar aos de hoje o recado gravado de nossos antepassados, creio ser imprescindível para um futuro melhor para o MS..

O espírito pantaneiro e suas tradições conduzem a essa forma de agir quase como sacerdotes de um culto imemorial, onde louvar o Espírito de Perfeição presente por toda esta natureza, conduz cada um a personalissima inspiração para quaisquer atos de amor e sacrifício, em que a superação de obstáculos e desafios tornam-se em objetivo maior da vida como guardiões, cada qual no seu cantinho designado do Pantanal…

Armando LacerdaPorto São Pedro

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