A noite foi de enorme agitação e pânico para toda a população da Vila de Corumbá…
O Comandante Militar dera ordens à Flotilha do Matto Grosso para evacuar os militares da cidade, a população civil foi chegando, carregando parcos pertences , nas barrancas do Rio Paraguai.
Carregados os estoques de armas e munições, soldados e praças, permitiu o Comandante o embarque da população civil, famílias de funcionários públicos, pessoas importantes da comunidade.
Ao alvorecer o dia, os que não encontraram lugar nas embarcações abarrotadas, assistiram a lenta partida, marcadas por longos rolos da fumaça da lenha, queimando nas caldeiras das embarcações.
Durante o dia, todos foram se dirigindo à igreja no alto da ladeira, onde uma maioria de súditos de outras nacionalidades confiavam em seus documentos de origem, mal sabiam que, mesmo sendo cidadãos europeus, seriam arrebanhados e enviados como prisioneiros para a capital dos invasores.
A bordo das embarcações superlotadas instalou-se o caos, avançava-se muito lentamente contra a correnteza do Rio Paraguai.
Ao aproximarem-se do Porto Chané outra decisão inusitada do Comandante:”- Todos os civis, não importando sua condição deveriam desembarcar naquele local, pois todo o espaço deveria servir para carregar a munição estocada no Presídio de Dourados, situado no morro fronteiro!”
Comovido pelas dantescas cenas de desespero de civis, mulheres e crianças em pânico ao serem desembarcados, brioso oficial oferecera-se para guiá-los, por terra, até a cidade de Cuiabá.
Quem dirigiu essa coluna chegando depois de quatro meses apoteoticamente a Cuiabá, foi o herói da Resistência de Coimbra, o Tenente João de Oliveira Melo, que, segundo Lécio Gomes de Souza: “- Despojando-se altruisticamente de suas prerrogativas, solicitou ao Coronel Carlos Augusto desembarcar e juntar-se aos que eram abandonados, prometendo levá-los ao destino.”
Cento e sessenta anos depois a história se repete, quem devemos seguir? O valoroso Tenente ou o enlouquecido Coronel que abandonou a tudo e todos, permitindo a praga bíblica prevista em Isaías 16; 7; 8:” -Portanto, Moabe uivará por Moabe; todos uivarão; gemereis pelos fundamentos de Quir-Haresete, pois já estão abalados. Porque os campos de Hesbom e a vinha de Sibma enfraqueceram; os senhores das nações talaram as suas melhores plantas.”
As APPs do Rio Paraguai do Castelo até EE Taiamã estão taladas por repetitivos incêndios, o mesmo acontecendo com as margens do São Lourenço-Cuiabá, formados por Reservas e Parques que acumulam vegetais e destroem em calcinantes incendios as matas ciliares que viram passar desde Aleixo Garcia e Cabeza de Vaca aos Tenentes João de Oliveira Melo , Antônio Maria Coelho e tantos outros soldados e marinheiros, verdadeiros heróis imortais da História Pátria.
Cabe ao Governador Eduardo Riedel, celebrar seu primeiro ano de Governo, com esta dupla missão: Sancionar a histórica Lei do Pantanal e refazer o rústico caminho até a Fazenda Ypiranga e, com estas duas ações , resgatar a sustentabilidade sócio econômica da região Oeste do Paiaguás, e de toda a Planície Pantaneira.
O pluricentenário cemitério da Fazenda Ypiranga onde o casal pantaneiro proprietário, cumpriu a devoção familiar de dotar novamente de cruzes cristãs as numerosas lápides ainda existentes, oriundas desse evento da História do Brasil.
Novas cruzes de concreto marcando o local onde a coluna de refugiados acampou no início das matas altas do Paiaguas, enterrando seus mortos, buscando se refazer com medicamentos e abastecer-se com as nutritivas frutas e fontes de proteínas e carbohidratos abundantes nos cerrados pantaneiros, aliviar- se com as águas transparentes filtradas pelas flora dos corixos, onde Y é água, pirangá vermelha, águas das plantas vermelhas, Ypiranga, esse cemitério primevo deveria ser venerado como Monumento Nacional.
Estrada do Porto São Pedro, Porto Chané até a Fazenda Ypiranga, poucos quilômetros e nossos Governantes poderão eternizar-se como Heróis da Retomada da Sustentabilidade do Pantanal, que só expõe, orando por luz, conhecimento e compreensão da realidade aos cidadãos urbanos, sobre as lições óbvias de sua histórica cultura…
☆Nota do autor:
O título ficou longo, pois é uma referência cifrada à estratégia militar do pós guerra, que determinou a criação dessas 4 áreas de sesmarias:
Triumpho para Major Metello, entre o Rio São Lourenço e o Corixão do Paiaguás;
Ypiranga, ao Coronel Severo de Almeida, entre o Corixão e o Corixo do Mata Cachorro;
Matto Grande, ao Banco Nacional do Commércio, entre o Corixo do Mata Cachorro e Corixo da Divisa;
Morcego Mangabal Santa Rosa, ao patriarca morcegano Cândido de Freitas, entre o Corixo da Divisa e o Paraguai Mirim.
Estes pioneiros ocuparam, colonizaram, dividiram e subdividiram as áreas, acertada iniciativa estratégica governamental e militar de sustentação e caminho de retirada à população de Corumbá, em caso de nova invasão do Território Pátrio!
Armando LacerdaPorto São Pedro