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Economia brasileira dá sinais de desaceleração, e mercado prevê risco de recessão técnica

Indicadores econômicos reforçam preocupações

Uma sequência de indicadores econômicos mais fracos do que o esperado está acendendo alertas sobre a desaceleração da atividade econômica no Brasil, com o mercado avaliando a possibilidade de o país entrar em uma recessão técnica em 2025. Economistas de instituições como Bradesco, Ativa Investimentos, Monte Bravo, Nova Futura, Tendências e BV já consideram esse cenário como provável.

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma retração em diversos setores. Em novembro, as vendas no varejo e o volume de serviços caíram mais do que o esperado, e o saldo de empregos formais, embora positivo com 106,6 mil novas vagas, ficou abaixo da expectativa de 125 mil. A produção industrial também apresentou queda acumulada de 0,8% entre outubro e novembro.

Esses números reforçam a percepção de que o crescimento acima do potencial da economia brasileira pode ter chegado ao seu limite.

Previsões de Desaceleração

Analistas apontam que o PIB do último trimestre de 2024 deve indicar uma desaceleração gradual, que pode ser momentaneamente mascarada pela safra recorde de grãos, especialmente de soja, esperada para o primeiro trimestre de 2025. No entanto, após o término desse impulso agrícola, os efeitos dos juros elevados e a redução dos estímulos fiscais devem pesar mais sobre a economia.

O economista Thiago Xavier, da consultoria Tendências, explica que o arrefecimento do impacto positivo da agricultura, combinado com condições financeiras mais restritivas e a contenção de gastos do governo, deve levar a uma retração. Ele projeta uma queda de 0,6% no PIB do terceiro trimestre de 2025 e de 0,2% no quarto trimestre.

Projeções de Recessão Técnica

O BV também prevê uma recessão técnica, com quedas de 0,5% no PIB do terceiro trimestre de 2025 e de 1% no último trimestre. O Bradesco, por sua vez, estima retrações de 0,3% nos dois últimos trimestres do próximo ano.

Luciano Costa, economista-chefe da corretora Monte Bravo, acredita que a queda pode começar mais cedo, já no segundo trimestre de 2025, com recuos de 0,5% tanto nesse período quanto no trimestre seguinte. “Essa queda da atividade é a transmissão da política monetária contracionista para, principalmente, os setores mais ligados ao crédito”, avaliou Costa em entrevista ao Estadão.

O Que Está Por Vir?

A continuidade da desaceleração pode se tornar evidente conforme os efeitos das políticas monetárias restritivas e a ausência de novos estímulos fiscais ganhem força. Sem as condições excepcionais vistas nos últimos anos, como a safra recorde e medidas emergenciais de gasto, a economia brasileira deve enfrentar um cenário mais adverso em 2025.

Essa perspectiva coloca o governo e o mercado em alerta, diante de um cenário desafiador que pode marcar um ponto de inflexão no atual ciclo econômico do país.

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