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PT em estado de negação após derrota nas eleições municipais, avalia estadão

Cúpula petista culpa emendas parlamentares por desempenho ruim, mas ignora falhas próprias

A cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) atribuiu a derrota nas eleições municipais deste ano à distribuição das emendas parlamentares, alegando que a medida favoreceu aliados do Centrão em detrimento dos candidatos petistas. A avaliação foi divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo e reflete um diagnóstico interno que será apresentado ao Diretório Nacional do PT, em reunião marcada para ocorrer em Brasília.

Emendas Parlamentares e a Crítica Petista

A Executiva Nacional do PT argumenta que as realizações do governo federal foram ofuscadas pela distribuição das emendas, que, segundo o partido, privilegiou “máquinas municipais de aliados da base”. O Estadão, em editorial publicado no sábado (7), destaca que essa justificativa revela a dificuldade do PT em reconhecer suas próprias falhas.

“Ninguém nega que as emendas parlamentares tenham sido extremamente relevantes nas eleições deste ano, e que o índice de candidatos reeleitos esteja diretamente relacionado a essas transferências”, diz o Estadão. “Mas o PT também foi bastante beneficiado pelo que chamou, na primeira versão da resolução, agora modificada, de ‘republicanismo excessivo’ na distribuição dessas verbas bilionárias.”

PT Entre os Maiores Beneficiários

Dados do Estadão revelam que o PT foi o terceiro partido que mais destinou verbas de emendas individuais para prefeituras entre janeiro de 2021 e outubro de 2023. No período, os parlamentares petistas direcionaram R$ 6,2 bilhões em emendas, sendo R$ 4,6 bilhões repassados diretamente aos prefeitos. Esse valor é R$ 572 milhões maior que o destinado pelo PSD, um dos grandes vencedores das eleições municipais.

Apesar de ser beneficiado pelas emendas, a liderança petista alega que a “dinheirama distribuída num piscar de olhos, ou no átimo de um Pix” dificultou a narrativa do partido diante de candidatos do Centrão e da direita.

Contradições e Histórico das Emendas Pix

O editorial do Estadão ironiza a postura do PT ao criticar as chamadas “emendas Pix”, que permitem o envio direto de recursos para os municípios sem necessidade de convênios ou definição prévia de uso. A publicação lembra que essas emendas foram criadas pela Emenda Constitucional 105/2019, derivada da Proposta de Emenda à Constituição 61/2015, de autoria da atual presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann.

Embora o texto tenha sido modificado durante a tramitação, a justificativa inicial de Gleisi era simplificar a burocracia na transferência de recursos federais para estados e municípios.

Retrocesso no Controle de Verbas

A aprovação da medida representou um retrocesso na fiscalização dos recursos do Orçamento, comprometendo a transparência e a rastreabilidade. “Mas só agora o PT parece ter se dado conta do que fez e, como é tradição no partido, culpa terceiros por todos os problemas que lhe acometem, inclusive aqueles que ele mesmo ajudou a gerar”, aponta o Estadão.

Falta de Autocrítica

Estadão observa que o cenário atual é fruto de decisões tomadas desde 2015, quando foram aprovadas as emendas individuais de execução obrigatória. Posteriormente, as emendas de bancada também se tornaram impositivas, e o Congresso ampliou ainda mais o alcance das emendas de relator e de comissão.

“Mas o fato é que ninguém no Legislativo pode se declarar inocente nesse caso, nem o PT”, avalia o jornal. Avaliar os motivos da derrota eleitoral exigiria do partido uma autocrítica que, segundo o editorial, o PT nunca fez.

Para o presidente Lula, a queda do governo Dilma Rousseff não foi causada pela incompetência administrativa, mas por uma conspiração da Operação Lava Jato com a CIA para desestabilizar o governo petista.

“Portanto, a julgar por esse histórico de negação e pelos debates para a escolha do novo comando do partido no ano que vem, o PT continuará a ser o PT de sempre”, conclui o Estadão.

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