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Possível entrada de Heloísa Helena na câmara assusta aliados de Lula

Suplente de Glauber Braga é crítica ferrenha do governo e pode alterar equilíbrio político na federação PSOL-Rede

A possível cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), atualmente em greve de fome, tem causado apreensão tanto no PSOL quanto entre os aliados do presidente  (PT). Isso porque, caso o mandato seja cassado, quem assume é a suplente Heloísa Helena (Rede-RJ) — ex-senadora, opositora histórica do PT e crítica contundente da atual gestão federal.

A substituição de Braga por Heloísa, ainda que dentro da mesma federação partidária (PSOL-Rede), representa uma mudança significativa no perfil de atuação parlamentar, com potencial de atritos internos e externos. A informação é da Folha de S.Paulo.

Histórico de oposição firme e desavenças

Heloísa Helena, ex-candidata à presidência da República em 2006 pelo próprio PSOL, obteve à época mais de 7% dos votos. Desde então, construiu uma imagem combativa, tendo se afastado de figuras como a ministra Marina Silva, com quem disputa o controle da Rede Sustentabilidade.

Recentemente, foi uma das articuladoras da eleição de Paulo Lamac como porta-voz nacional da Rede, desbancando o grupo de Marina. Além disso, tem um relacionamento turbulento com o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), outro nome com mandato ativo e próximo ao governo.

Essa configuração ameaça a coerência estratégica da federação PSOL-Rede, especialmente num momento em que a base de Lula busca estabilidade política.

PSOL tenta conter crise e evitar cassação de Braga

Dentro do PSOL, lideranças buscam uma saída política para evitar que o processo de cassação de Braga avance até o plenário da Câmara, onde são necessários 257 votos favoráveis para a perda de mandato.

O partido vê em Heloísa Helena um perfil ainda mais desafiador para o governo, o que pode dificultar a articulação de pautas, inclusive da própria esquerda. Mesmo assim, ela manifestou solidariedade a Braga e classificou o processo como “escandaloso e desproporcional”.

Nos bastidores, o PSOL tenta usar a antipatia histórica de Arthur Lira (PP-AL) — apontado como principal articulador da cassação — contra Heloísa Helena como argumento para barrar o processo. O presidente da Câmara já protagonizou ataques públicos a Heloísa em disputas eleitorais anteriores em Alagoas.

Cassação segue nas mãos de Hugo Motta

A denúncia contra Glauber Braga refere-se a uma agressão contra o youtuber Gabriel Costanaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), ocorrida dentro da Câmara, em abril de 2024.

O caso foi apreciado pelo Conselho de Ética, que votou por 13 a 5 a favor da cassação. Agora, o processo aguarda a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para ser pautado em plenário.

Braga, que acusa perseguição política por parte de Arthur Lira, promete manter a greve de fome até que seu caso seja julgado pelos colegas deputados.

Enquanto isso, Heloísa Helena aguarda, à sombra do tabuleiro político, pronta para ocupar a vaga caso a cassação se concretize.

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