Milei chama aborto de ‘assassinato’ em reunião de estudantes
A declaração aconteceu dois dias antes do Dia Internacional da Mulher, quando as feministas argentinas prometem ir às ruas contra o governo
Na quarta-feira, dia 6, durante uma reunião com alunos da escola católica Cardeal Copello, em Buenos Aires, onde fez o ensino médio, o presidente argentino, Javier Milei, rotulou o aborto como “assassinato”. O ato foi legalizado no país pelo legislativo em 2020 e ratificado pelo seu antecessor, o peronista Alberto Fernández.
Milei comunicou aos jovens que é contrário à prática e utilizou uma linguagem de ensino para esclarecer sua perspectiva.
“Para mim, o aborto é um assassinato agravado pelo vínculo”, disse o presidente ao se referir à ligação entre mãe e filho. “Posso mostrar-lhes isso de uma perspectiva matemática, filosófica, do liberalismo e da biologia.”
“Assassinos dos lenços verdes”
O líder libertário rotulou os apoiadores da aprovação da lei como “os assassinos dos lenços verdes”, referindo-se ao símbolo que define as batalhas feministas e que se tornou o estandarte do ativismo pelo aborto legal na Argentina.
As afirmações ocorreram dois dias antes do Dia Internacional da Mulher, momento em que os coletivos feministas irão se mobilizar novamente em defesa de suas demandas, incluindo os denominados “direitos das mulheres” e a igualdade de gênero.
No corrente ano, as organizações feministas da Argentina estão se mobilizando para protestar nas ruas na sexta-feira, dia 8, em oposição ao plano econômico do governo Milei. A manifestação será sob o slogan: “Contra a fome, o ajuste e a repressão”.
Inflação: a herança amarga
Javier Milei recebeu dos governos anteriores uma inflação de três dígitos, que hoje ultrapassa os 250% ao ano, acompanhada de uma pobreza que atinge mais de 50% da população do país.
Medidas desagradam feministas
Após assumir o poder no dia 10 de dezembro, Milei decidiu abolir o Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade. Recentemente, também anunciou a descontinuação do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi). Ademais, vetou o emprego da linguagem inclusiva tanto nas Forças Armadas quanto na totalidade da administração pública nacional.
Logo antes de Milei embarcar para o Vaticano para um encontro com o papa Francisco, no dia 12 de fevereiro, a parlamentar Rocío Bonacci, representante do partido governante La Libertad Avanza, propôs um projeto de lei com o objetivo de anular a legalização do aborto e classificá-lo como delito.
A proposta do projeto é classificar o aborto como um delito penal, tanto para a mulher quanto para os indivíduos que participarem do procedimento.
Caso seja aprovada, essa legislação irá definir penas de encarceramento de um a três anos para a mulher e de três a dez anos para indivíduos que realizarem o aborto sem o consentimento da gestante.
Saiba mais sobre a legalização do aborto na Argentina
A Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez, que foi aprovada em dezembro de 2020, começou a valer em janeiro de 2021, após uma discussão que dividiu a sociedade argentina. A decisão foi celebrada pelas mulheres que fazem parte dos movimentos feministas.
A legislação permite que as mulheres possam interromper a gravidez até as 14 semanas de gestação sem a necessidade de justificativas, além de casos em que a gravidez seja fruto de um estupro ou se a saúde ou a vida da mulher grávida estiverem em perigo.
As informações são da Revista Oeste