BrasilNotícias

A corrupção está aumentando em toda a América Latina, afirma Revista britânica

Revista britânica cita recentes decisões do ministro Dias Toffoli para suspender multas da Lava Jato

A revista britânica The Economist publicou uma reportagem sobre o crescimento da corrupção no Brasil e na América Latina, fazendo referência às recentes decisões do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A matéria ressalta que Toffoli, que foi advogado do PT e nomeado para o STF por Lula em 2009, suspendeu as multas de bilhões de reais da J&F, companhia dos irmãos Batista, e da Odebrecht (atualmente Novonor). As duas empresas reconheceram múltiplos acordos de corrupção com o objetivo de obter vantagens em contratos com os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

As companhias, que voluntariamente concordaram em pagar multas de R$ 10,3 bilhões e R$ 3,8 bilhões, respectivamente, argumentaram que foram forçadas a assinar os acordos. Toffoli concluiu que havia uma dúvida plausível sobre se os acordos foram assinados de forma voluntária por causa de um suposto “conluio” entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, “que fez parte de uma onda de atividades de combate à corrupção que varreu a América Latina na década de 2010”, lembra The Economist.

No entanto, agora a revista destaca que “as decisões de Toffoli correspondem a um novo agravamento da percepção da corrupção em toda a região”. O Brasil desceu dez posições no índice anual de percepção de corrupção publicado pela ONG Transparência Internacional em Janeiro. Posteriormente, Toffoli decidiu reabrir uma investigação contra a ONG que já havia sido arquivada sem nenhuma nova evidência.

A matéria ressalta que o Peru desceu 20 lugares no ranking divulgado pelo periódico britânico, situando-se entre as nações consideradas as mais corruptas do globo. A grande parte dos países da América Latina obteve um resultado abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento. “The Economist” faz referência a investigações recentes de corrupção em Honduras, Peru e México, todos governados por políticos de esquerda.

A publicação detalha o início da Operação Lava Jato em 2014 e as apurações feitas na Petrobras, destacando as propinas bilionárias desembolsadas pela Odebrecht. “A investigação foi desmembrada em uma dúzia de outras, com foco em construtoras. Entre 2001 e 2016, a Odebrecht pagou quase US$ 800 milhões em subornos em três continentes, obtendo mais de US$ 3 bilhões em lucros para si e seus comparsas.”

Este é o maior caso de corrupção estrangeira que já passou pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, cuja participação foi necessária devido ao fato de alguns subornos terem sido direcionados através de contas bancárias americanas. Possivelmente, é a maior investigação global desde a “Operação Mãos Limpas”, que tinha como objetivo desmantelar a máfia italiana.

Tornou-se possivelmente a maior investigação de corrupção desde a operação Mani Pulite (“Mãos Limpas”) da Itália, na década de 1990, e revolucionou a política em toda a América Latina. Quase um terço dos senadores do Brasil e quase metade dos governadores do país foram envolvidos em algum ponto. A presidente de esquerda da época, Dilma Rousseff, sofreu impeachment em 2016. Seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi presidente entre 2003 e 2010, foi condenado à prisão duas vezes (ele foi libertado após 580 dias). Ambos os casos estavam ligados à Lava Jato ou sob impacto dela.

No Peru, cinco ex-presidentes foram investigados; um cometeu suicídio quando a polícia veio prendê-lo. Ex-presidentes também foram investigados em El Salvador, Panamá, México, Paraguai, Equador e Colômbia. A maioria afirma que as investigações são motivadas politicamente.

The Economist cita Toffoli por ser “amigo do amigo do meu pai”

A matéria também descreve o término da Lava Jato, citando críticas a alegados abusos de poder por parte de juízes e procuradores, assim como a exposição das conversas entre Moro e os procuradores da equipe de trabalho. Além disso, destaca que tanto Moro quanto Deltan Dallagnol, o principal procurador da operação, concorreram (e foram eleitos) para posições no Congresso. “Os críticos também acusaram a força-tarefa da Lava Jato de usar táticas agressivas para atrair a atenção da mídia”, afirma The Economist. “No Peru e no Brasil, os promotores foram criticados pelo uso extensivo da prisão preventiva.”

O texto da revista britânica conclui lembrando que Toffoli, que atualmente suspende as multas da Lava Jato, foi mencionado na operação. Marcelo Odebrecht, em e-mails internos da empresa, descreveu Toffoli como “o amigo do amigo do meu pai”, em referência a Lula. “Depois que a história foi publicada, o Supremo Tribunal considerou o artigo fake news e ordenou que fosse apagado da internet”, lembra a publicação. “Apenas o clamor público forçou a reversão da decisão.”

The Economist conclui que “A ruína da Lava Jato repercutiu em toda a América Latina”. Continua afirmando que “O Antigo Regime tem reagido, e está vencendo. Mas é necessário cuidado. Em uma pesquisa nacional divulgada em 3 de março, uma pluralidade de brasileiros disse que a Lava Jato foi encerrada por causa de interesses políticos. Um total de 74% dos indagados acreditam que as recentes decisões do Supremo Tribunal ‘incentivam a corrupção” diz a publicação.

As informações são da Revista Oeste

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo