Nos últimos dias, mais uma onda de calor atingiu o estado e tem causado incômodo aos sul-mato-grossenses. Devido a atuação de uma massa de ar quente e seca, segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), as temperaturas podem chegar até 40°C, com valores que sobem rapidamente ao longo do dia.
Aliado ao calorão, a atuação do fenômeno também contribui para a ocorrência de baixos valores de umidade relativa do ar, que podem variar entre 15% e 35%. De acordo com o órgão, as principais áreas afetadas pela onda de calor são as regiões Sul, Sudoeste, Sudeste e Leste do estado.
Entre as condições meteorológicas observadas pelo Cemtec na última terça-feira (12), a maior temperatura do dia foi registrada na região pantaneira de Mato Grosso do Sul, no município de Corumbá, com 38,8°C. Já o menor valor de umidade relativa do ar ocorreu em Jardim, com 26%.
De acordo com o meteorologia da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Vinícius Sperling, o fenômeno se desenvolveu a partir de um sistema de alta pressão atmosférica sobre o Centro-Sul do país, que inibe a formação de nuvens e chuvas. Assim, os raios solares atravessam a massa de ar com mais facilidade, causando maior aquecimento de maneira mais rápida.
“Com essa alta pressão acima da superfície quente funciona praticamente como uma tampa porque você tem os ventos subsidentes, movimento de cima para baixo dentro dessa massa de ar. Então esses ventos não são favoráveis à formação de nuvens e eles comprimem o ar quente próximo a superfície”.
Segundo o médico e responsável clínico pelo Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), Alexandre Moretti de Lima, as altas temperaturas somam diversos perigos para a saúde da população.
“Ela vai gerar um risco de maior insolação, queimadura aguda e desidratação, principalmente na pele. Quando a gente perde líquido, perde também eletrólitos e corre o risco de sofrer arritmia cardíaca, alteração da condição cardíaca e morte”.
Além dos impactos causados pelo calor, a baixa umidade relativa do ar também afeta a qualidade de vida e pode resultar, principalmente, em doenças respiratórias e virais. “Isso impacta nas doenças respiratórias, como rinite, sinusite e às vezes até pneumonia. É um grande risco para a saúde, principalmente para a saúde respiratória. Além disso, também aumenta a chance de doenças virais. Os vírus predominam nessa situação”.
Cuidados a serem tomados
Entre as recomendações para lidar com a onda de calor em Mato Grosso do Sul, o Cemtec orienta beber bastante líquido e evitar exposição ao sol nos horários mais quentes e secos do dia. Além disso, o médico Alexandre Moretti destaca que todo excesso deve ser evitado, seja ele de calor ou de frio.
“Como a gente não consegue mudar a natureza, devemos evitar sair durante esses períodos, evitar os picos de altas temperaturas e exercícios extenuantes, assim como buscar sombras, tomar bastante líquido, usar roupas leves e ficar sempre em lugares frescos e ventilados”.
Para driblar os baixos índices de umidade do ar e as doenças respiratórias em meio às ondas de calor, o médico indica manter os ambientes úmidos com umidificadores de ar ou baldes de água. Banhos demorados e muito quentes também devem ser evitados, visto que a pele também tende a ficar mais seca e desidratada.
Recomendações especiais à REE
Com a nova onda de calor, a SED (Secretaria de Estado de Educação), reiterou algumas orientações para preservar a saúde e bem-estar dos alunos da REE (Rede Estadual de Ensino). As recomendações incluem:
- Suspensão de exercícios físicos e exposição solar nos horários mais quentes do dia (entre 10h e 16h);
- Ajuste das atividades físicas para que não exijam muito movimento e gerem desidratação;
- Solicitação para professores e alunos levarem garrafas de água. Caso haja necessidade de reposição, os estudantes devem ser liberados para reabastecimento;
- Oferecimento de refeições mais leves, dando preferência a alimentos naturais e com bastante água na composição;
- Encaminhamento de aluno ou servidor para um local com boa ventilação caso passe mal devido ao calor. Se necessário, a instituição poderá entrar em contato com pais ou responsáveis do aluno para acompanhamento até a unidade de saúde mais próxima.
Heloisa Duim, Programa de Estágio Supervisionado
Foto de capa: Saul Schramm
Galeria: Álvaro Rezende
Interna: Bruno Rezende