
Moraes atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República. PF também terá que ouvir Bolsonaro no prazo de 10 dias
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou que a Polícia Federal (PF) acompanhe as redes sociais do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A investigação foi iniciada para examinar as ações de Eduardo nos Estados Unidos (EUA) e recebeu autorização do ministro, seguindo uma solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PF, segundo a decisão expedida na tarde desta segunda-feira (26/5), vai atuar no “monitoramento e preservação de conteúdo postado nas redes sociais do sr. Eduardo Bolsonaro, que guarde pertinência com o exposto nesta petição”.
Ao acolher o pedido da PGR, Moraes também concordou com o procurador-geral Paulo Gonet para que a PF, no prazo de até 10 dias, tome o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve prestar “explicações a respeito dos fatos, dada a circunstância de ser diretamente beneficiado pela conduta descrita e já haver declarado ser o responsável financeiro pela manutenção do sr. Eduardo Bolsonaro em território americano”.
O ministro determinou, além de Bolsonaro, que a PF interrogue o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o responsável pela representação que causou a apresentação da petição pela PGR.
O caso exige que Eduardo Bolsonaro seja interrogado, conforme determinado pelo ministro. No entanto, visto que o deputado se encontra nos EUA, Moraes deu permissão para que ele forneça explicações por escrito.
Adicionalmente, foi feito um pedido para que o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, identifique as autoridades diplomáticas apropriadas nos Estados Unidos para informar oficialmente o parlamentar sobre o início da investigação.
Inquérito
Gonet sublinhou na sua defesa pela abertura do inquérito que Eduardo tem declarado publicamente que colabora com o governo dos EUA para impor sanções aos ministros do STF, a PGR e a PF.
Ele afirmou que as ações do parlamentar seriam uma reação ao que ele acredita ser uma “perseguição política” contra ele e seu pai, que foi mencionado em uma denúncia atual no STF como líder de um grupo criminoso determinado a quebrar a ordem democrática para se manter na Presidência, apesar dos resultados das eleições de 2022.
O terceiro filho de Bolsonaro deixou a Câmara em março deste ano e se mudou para os EUA, onde afirma denunciar os supostos abusos cometidos pelo ministro Alexandre de Moraes, segundo suas próprias palavras. O pedido da PGR foi em resposta a uma denúncia criminal apresentada também pelo deputado federal Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara.
“As publicações se dão, sobretudo, em postagens em redes sociais, que reverberam em outros canais de mídia, bem como em entrevistas diretas a veículos de imprensa”, escreveu Gonet.
“Há um manifesto em tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na ação penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação”, concluiu o PGR.