Orquestra, grupo de dança, comidas típicas e artesanato estão levando uma pequena amostra da grandeza da cultura das comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul até os órgãos governamentais.
A primeira ação itinerante foi realizada nessa quinta-feira (11), na Secretaria da Cidadania, no complexo de blocos do Governo do Estado onde funcionam Ageprev, Escolagov e Fundesporte.
Subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, Fernando Souza, explica que o mês de abril é um momento não só de reflexão, como também de análise da luta dos povos indígenas no Brasil e da ocupação de espaços.
“Vamos passar com o nosso povo, através da música, dança e da culinária, em diversos espaços aqui do Governo, tanto no executivo quanto no legislativo e judiciário, no sentido de mostrar que nós existimos, que nós somos presentes aqui no Estado de Mato Grosso do Sul, e assim promover uma interculturalidade entre as populações indígenas e a sociedade para que haja mais diálogo, mais respeito, mostrando também que há espaço para todo mundo, e que todos nós somos cidadãos”, pontua Fernando.
A orquestra indígena abriu a programação, seguida da introdução da dança Hiyokena Kipâe, que traduzido do terena significa dança da Ema, no estacionamento do prédio, apresentação típica terena que envolve 12 passos e leva até 1h40 minutos para ser apresentada. “Aqui nós fizemos apenas três passos, foi só mesmo uma introdução dessa dança de preparativo para a guerra e a volta da batalha”, explica o cacique da aldeia Vivendas do Bosque, Adolfo Loureiro.
Os passos e os gritos narram a participação dos indígenas na Guerra do Paraguai quando, para despistar os inimigos, pisavam em cima da pegada do outro. “Para simbolizar que era só uma pessoa andando pelo mato, o primeiro passo é do tuiuiú, depois tem o encontro, o convite para a guerra, a medição e a sincronização da força. É uma dança maravilhosa e que tem história, por isso que trouxemos, já que muita gente aqui nunca viu”, completa o cacique.
Adolfo estava certo, diante da apresentação, três crianças tinham olhares curiosos para os passos. Arthur, Benjamin e Isaac são filhos do supervisor de modalidades da Fundesporte, Thiago Rodrigues, que trouxe os pequenos para conhecer a cultura que corre no sangue da família.
“Viemos para Campo Grande há pouco tempo e não tínhamos essa vivência indígena na nossa região. Somos descendentes, tanto da parte paterna quanto materna, de indígenas. Antes de vir para cá, expliquei que eles iam ver apresentações, e que nossos bisavós têm descendência indígena, para eles visualizarem tudo isso”, descreve.
Participando da orquestra e também na condução do Ko’ho, instrumento indígena, a musicista Mariana Cabral Nogueira Gonçalves conta que ações como esta são fundamentais para mostrar a cultura.
“Toquei o Ko’ho, que é como se fosse um tambor, e cada região tem o seu diferente, toquei o que é da região de Miranda. Trazer a cultura indígena assim é ocupar espaços, os nossos espaços. É sempre importante termos os povos indígenas com representatividade”, afirma.
Para que a população conheça mais sobre a gastronomia indígena, o Aldear Espaços também montou uma mesa com os sabores para a degustação do público. Pratos à base de mandioca, como Hî-hî, Jety mbichy e Pireka’i, e muitas frutas. “Essa mesa trouxemos para que a população externa, a sociedade em geral, conheça como era a nossa tradição na questão alimentar lá atrás, há 30, 40, 50, 60 anos e que ainda hoje é viva dentro dos territórios”, explica o subsecretário, Fernando Souza.
Povos Indígenas
Hoje em Mato Grosso do Sul são mais de 116 mil indígenas, que vivem nos 79 municípios, 28 deles com territórios indígenas, e outros seis com grandes aglomerados. O Estado é formado por oito etnias: Guarani, que é o maior grupo, sendo seguido pelo povo Kaiowá, depois Terena, Kadiwéu, Ofaié, Kinikinau, Atikum e Guató.
A próxima ação “Aldear Espaços” será realizada no saguão da Assembleia Legislativa, no dia 16 de abril, às 8h.
Paula Maciulevicius, Comunicação da Cidadania.
Fotos: Paula Maciulevicius