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Se correr o bicho pega, se ficar, ele come

Só vai ser emergência se morrer turista ou pesquisador

Não vão admitir a situação de emergência, se comer um pantaneiro roçando, uma pantaneira lavando roupa na porta de casa ou uma criança pantaneira mesmo subida no pé de goiabeira. Sim!  Nossa gente pode morrer!

Só vai ser emergência se morrer turista ou pesquisador…. Aí vai assustar, mas eles passam só dois ou três dias, no mês, nestas bandas. Quem passa a vida, é que vai padecer.

Propor como solução acender luz, tocar buzina, é quase menosprezar nossa inteligência e a do bicho. Nem passa pela nossa cabeça cairmos na armadilha da solução antiga, há uma brigada de lacradores e canceladores aguardando por isso, para nós o problema é novo a exigir solução inovadora, compatível e justa.

A sensação é que se optarmos pela diáspora, levaríamos nessa fuga, o início de nossa própria extinção enquanto gente com cultura…. No sofisma proposto tudo está bem previsto. Pantaneiro morrer, matar, correr, só traria benefícios a quem pretende lucrar muito com esta situação tão enganosamente manipulada.

Na realidade, encontramo-nos diariamente no Pantanal, diante de um dilema e uma escolha:  enfrentar a angústia de ver um parente ou o próprio risco de morrer ou correr da raia, fugir, “lavrando terra e estufando a blusa” para bem longe do Pantanal?

Nossa compreensão por plantas, bichos e gente rejeita abandonarmos nossa solidariedade atávica assumindo um indesejado duelo de vida e morte com onças, uma boa forma de trilhar novos caminhos, seria pararem de imediato a matança de jacarés na beira do rio, que voltou em larga escala.

Os próprios turistas precisam entender que cada porção do exótico e monetizado petisco, utilizando rabo de jacaré extraído da natureza, coloca em risco moradores tradicionais do Pantanal principalmente crianças e também   a própria onça, torturada pela fome com a   quebra de sua cadeia alimentar…

Há superpopulação de felinos? Estão quebrando sua cadeia alimentar? A pecuária extensiva continua a ser fundamental na conservação do Pantanal? Existem soluções que possam manter a compatibilização de gado, humanos e felinos? Definir territórios (reservas) para conservação no Pantanal continua uma política válida? A corriqueira presença de onças fora de seu habitat e até em zonas urbanas ou no seu entorno, trazem algum significado?

Por enquanto, nesta Babel pantaneira, continuaremos orando para que o Senhor, ao alimentar naturalmente as onças, proteja os nossos, ilumine aos de fora e também aos deles, e tenha Piedade de nós todos.

Armando LacerdaPorto São Pedro

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