
Planalto, Justiça e PF evitam se posicionar
O veto à presença de jornalistas da Folha de S.Paulo em uma coletiva de imprensa promovida pela Polícia Federal, na última quarta-feira (4), gerou questionamentos sobre princípios constitucionais como a impessoalidade e a transparência. Apesar disso, o Palácio do Planalto, o Ministério da Justiça e a PF mantiveram silêncio sobre a decisão do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, de impedir o acesso do veículo.
A Folha solicitou esclarecimentos às autoridades, mas, até o momento da publicação desta matéria, nenhuma resposta foi enviada.
Ministério da Justiça e PF também ignoram o tema
Subordinada ao Ministério da Justiça, a PF não apresentou justificativa oficial para o veto. Questionado pessoalmente pela equipe da Folha, Andrei Rodrigues recusou-se a comentar o caso.
A assessoria do Ministério da Justiça orientou que as perguntas fossem enviadas ao e-mail institucional da Polícia Federal, que, por sua vez, também não se manifestou. O Planalto, apesar das reiteradas perguntas sobre a situação, manteve o mesmo silêncio.
O que ocorreu na coletiva?
A coletiva de imprensa, que reuniu cerca de 30 jornalistas de outros veículos, começou com uma apresentação de 30 minutos em que Andrei Rodrigues exaltou as ações realizadas pela PF em sua gestão.
No entanto, o evento também foi marcado por perguntas sobre lacunas na investigação de uma suposta trama golpista nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro (PL). Andrei respondeu que novos elementos poderiam ser incorporados ao inquérito, caso solicitados pela Procuradoria-Geral da República ou pelo Supremo Tribunal Federal.
Repercussões no meio jurídico e político
A decisão de vetar a Folha foi amplamente criticada por entidades jornalísticas como a ANJ, Abraji, Fenaj, ABI e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. As organizações apontaram uma violação à liberdade de imprensa e aos princípios constitucionais que regem a administração pública, como o dever de imparcialidade.
Além disso, o partido Novo acionou a Procuradoria da República no Distrito Federal, acusando Andrei Rodrigues de prevaricação e improbidade administrativa. Na ação, o Novo destacou:
“A administração pública deve atuar com imparcialidade, sem favoritismos ou discriminações indevidas.”
Bolsonaro critica decisão
O ex-presidente Jair Bolsonaro também se manifestou, afirmando ser um “defensor intransigente da liberdade de imprensa”. Ele declarou que, mesmo discordando da linha editorial da Folha, nunca teria impedido o trabalho do veículo.
Questões permanecem abertas
O veto à Folha levanta questões fundamentais sobre o compromisso com a liberdade de imprensa e o respeito aos princípios constitucionais, especialmente em órgãos de tamanha relevância como a Polícia Federal. A ausência de explicações por parte do Planalto, da Justiça e da própria PF adiciona camadas de dúvida a um episódio que desafia as bases democráticas do país.