Porto Alegre, localizada no Rio Grande do Sul, está passando por uma emergência devido as inundações. Além de enfrentar desafios climáticos, os residentes da cidade também vivem com o medo da criminalidade. Um apelo sincero em um banner na Avenida Ipiranga expressa o sofrimento da comunidade: “Senhor ladrão, por favor, pelo amor de Deus, respeite a nossa dor”. Este banner é um marco inevitável para aqueles que tentam acessar ou deixar a Usina do Gasômetro, um local estratégico para embarcações que atravessam o Guaíba para resgatar pessoas e animais, e fornecer suprimentos para os que se recusam a abandonar suas casas.
Contudo, a sequência de pilhagens vem se apresentando como um desafio. Voluntários em missões de resgate relatam confrontos armados na água, roubos com uso de armas de fogo e até confisco de embarcações, que são posteriormente empregadas em saques. Um guarda de segurança jovem, que optou por manter-se no anonimato, salientou que o risco é ainda mais elevado à noite, particularmente nas ruelas de comunidades socialmente vulneráveis, agora submersas pela água.
O analista jurídico e voluntário de resgate, Silvio Luis, que mora no centro de Porto Alegre, compartilhou sua experiência. Ele foi até a cidade de Guaíba para buscar um gerador, na companhia de um oficial do Exército. No dia anterior, em Eldorado do Sul, que fica na Grande Porto Alegre, Silvio Luis salvou diversos cachorros de um telhado, depois de saltar um muro em uma casa praticamente submersa.
A preocupação com a segurança é incessante. Apenas quando alguém está armado, os socorristas se aventuram de barco, a fim de prevenir incidentes mais sérios. Na última sexta-feira, a cidade recebeu o reforço de 100 membros da Força Nacional para intensificar as medidas de segurança. Ademais, mais de 14 mil militares das Forças Armadas foram convocados para auxiliar nas inundações, juntando-se aos 6,5 mil policiais da Brigada Militar gaúcha e 188 policiais militares vindos de outros estados.
Lamentavelmente, já foram confirmadas 136 mortes no estado devido às enchentes, com ainda 125 pessoas desaparecidas. No mínimo, 444 municípios sofreram impacto. As operações de resgate estão sendo dificultadas devido à forte chuva em Porto Alegre neste sábado. Contudo, a solidariedade e o esforço conjunto persistem diante dessa tragédia.