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Pantanal dos direitos cassados e da escalada de deveres…

Mais um prazo anunciado de inscrição de eleitores se esvai, mais uma eleição em que os moradores do Pantanal permanecem cassados do mais elementar direito democrático, o direito ao voto.

Direito fundamental da cidadania, do qual derivam todos os outros direitos, foi usurpado dos pantaneiros que, no passado, votavam, ou “davam” seu voto em urnas espalhadas por toda a planície pantaneira.

É verdade que nos últimos anos alcançamos alguns avanços em benefício dos pantaneiros tais como resgate aéreomédico por helicópteros da Marinha do Brasil, resgates de. barco ou aviões do Corpo de Bombeiros Militares do MS, a universalização da energia elétrica com placas solares, as escolas fundamentais que timidamente começam a atender nos pontos de acesso por rio ou estradas, serviços de saúde por navios hospitais da Marinha do Brasil, mas o restabelecimento do voto na planície continua escondido nas densas cortinas da omissão.

O desastre ambiental do Rio Taquari e de outros rios assoreados do Pantanal tem como causa fatores externos ao Pantanal, ganância oriunda de programas de governo financiados por demandas do exterior, nos planaltos e cerrados periféricos ao Pantanal.

Em tempos que todas as tragédias ambientais que atingem as planícies do Brasil são atribuidas tão somente a mudanças climáticas, oblitera-se do imaginário que desassorear rios e reter sedimentos onde fosse possivel, constitui-se um componente fundamental de qualquer tentativa de mitigação de efeitos de antigos fenômenos climáticos.

Basta uma acurada auditoria ambiental nos rios Taquaris assoreados e tambem em rios como o rio Cuiabá onde há incipiente retenção de sedimentos e algum bom senso no controle das águas, para verificarmos que essa possibilidade de mitigação é algo tangível.

Caça a bruxas açuladas por maliciosas narrativas marteladas em manipulações midiáticas, conduzem a uma desumanização programada culminando com o linchamento de quem habita o universo rural, enquanto seguem confortavelmente instalados na zona de conforto e auto indulgência urbanas, entendendo que estão agindo heroicamente no lado certo de um ilusório ato de sustentabilidade ambiental romantizados por agências profissionais de propaganda.

Quando todo o País encontra-se tentando entender catástrofes, talvez seja hora de meditarmos numa escala cronológica onde o desastre da Barragem de areia que asssoreou o Rio Taquari do Pantanal antecipou tanto a tragédia radiológica de Goiânia e o rompimento do duto da Petrobrás na Baía de Guanabara, como repetidos rompimentos de barragens em Brumadinho e Mariana ou ainda, o colapso da Mina de Sal em Alagoas, culminando com tragédia semelhante no outro rio Taquari, agora ocorrendo na planície riograndense.

Seria sensato avaliarmos que todos seriam meros “Atos de Deus”, punindo com esses apocalipticos desastres, somente os malvados moradores tradicionais da vida ribeirinha ou mesopotâmica nas planíciesdo Brasil?

No caso regional a decantada universalização da democracia, atribuição das Justiças Eleitorais, TREs dos matos grossos, continuarão ajudando a continuidade da politica da omissão mantendo ignoradas as lições com que os pantaneiros e o Pantanal vem, insistentemente expondo há décadas, ignorados mesmo quando endossados por publicaçõe oficiais de pesquisadores cientificos da Embrapa Pantanal, desde 2005…

Cumpre não esquecer o papel da mesma mineradora indiciada em tão repetidos desastres nacionais, que em sua passagem meteórica no Pantanal, conseguiu retirar a sustentação da carga mineral da Ferrovia Noroeste do Brasil, transferindo-a para as facilidades de empresa subsidiária omiziada no estrangeiro , destruindo a nascente logística fluvial local, junto com a imperícia e má fé, que também colapsou a centenária mina de manganês corumbaense do Urucum.

Em tempos de Internet e as escolas que a duras penas adentraram o Pantanal, podemos acreditar que cada uma delas, seriam as células iniciais onde os que moram e trabalham nessas distâncias imensas do Pantanal, poderiam voltar a ser consultados, como cidadãos portadores de direitos, retirando-os de tão abjeta invisibilidade…

Os pantaneiros jamais imporão nada , somente continuarão expondo o comprovado argumento, de que toda a magnitude da beleza da integridade natural do Pantanal, só terá perenidade, se mantida a cultura que, com muito sacrifício e incompreensões, a tem sustentado até os dias atuais.

Armando Arruda LacerdaPorto Sâo Pedro

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