Situada em uma área do Atlântico Sul onde a camada que circunda nosso planeta, a magnetosfera, é menos potente, a AMAS é monitorada por várias entidades governamentais internacionais, membros do World Magnetic Model (WMM). Conforme dados da CNN Brasil, os autores do estudo indicam que a anomalia está se intensificando, deslocando-se para o oeste e teve um aumento de aproximadamente 5% recentemente. Este aumento aproxima a anomalia da área onde é mais provável que danos por radiação em satélites ocorram.
O estudo comparou seus dados com aqueles coletados em 2019 pela Agência Espacial Europeia (ESA) e seus satélites Swarm, chegando à conclusão de que os modelos atuais ainda são acurados. Foi detalhado também nas informações coletadas que a anomalia pode resultar em uma variedade de impactos, que vão desde possíveis danos aos satélites devido à radiação excessiva, até a interferência na propagação das ondas de rádio.
A expansão da AMAS e sua localização próxima à América do Sul causou uma redução da proteção magnética terrestre nessa área, particularmente no sul e sudeste do Brasil, se estendendo até a África. A magnetosfera afasta a energia nociva que pode ser prejudicial à vida terrestre, retendo a maioria dela de maneira segura longe da superfície em regiões em formato de rosca gêmeas conhecidas como cinturões de Van Allen.
Agências espaciais como a ESA e a NASA monitoram a AMAS, e mais recentemente, o Brasil também começou a fazer o mesmo após o lançamento do nanossatélite NanosatC-BR2 com essa finalidade. Marcel Nogueira, um doutor em Física e pesquisador do Observatório Nacional, esclareceu que a anomalia interessa às agências espaciais já que essa área possui um campo mais fraco. Isso permite que as partículas do “vento solar” penetrem com mais facilidade, aumentando o fluxo de partículas carregadas que atravessam a região.
Já se entende que uma das consequências é o efeito nos satélites que circundam a Terra. Quando atravessam a área de proteção reduzida, podem ser danificados pelo fluxo de “radiação cósmica”. Isso leva a situações em que os satélites, ao percorrerem essa área, precisam ocasionalmente entrar em modo de espera, desativando temporariamente alguns componentes para evitar a perda do satélite ou de um equipamento que possa ser danificado.
O Brasil, além de ter lançado o NanosatC-BR2 em colaboração com a agência espacial russa, também conta com dois observatórios magnéticos – Vassouras, situado no Rio de Janeiro, e Tatuoca, localizado na região amazônica. Esses observatórios têm como objetivo responder às principais questões sobre esta anomalia. O pesquisador destacou: “Na vida cotidiana, somos tão dependentes da tecnologia que qualquer tipo de apagão no sistema elétrico de qualquer país gera prejuízo de milhões ou até bilhões de dólares. É algo muito importante para nossa vida tecnológica hoje em dia”, afirmou o pesquisador.