O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou o ex-juiz Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield por falsidade ideológica e uso de documento falso. Segundo a investigação, ele seria, na verdade, José Eduardo Franco dos Reis, cidadão nascido em Águas da Prata (SP), que teria utilizado uma identidade falsa por mais de quatro décadas para construir toda sua trajetória profissional.
Magistratura, diploma e documentos com base em identidade fictícia
A denúncia aponta que, sob o nome falso, Reis foi aceito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde concluiu a graduação em 1992, e foi aprovado, três anos depois, no concurso para juiz de direito. Com o nome fictício, ele exerceu a magistratura por mais de duas décadas, aposentando-se em 2018, na 35ª Vara Cível Central da Comarca de São Paulo.
Durante esse período, chegou a reforçar a identidade falsa em entrevistas à imprensa, como uma concedida em 1995, na qual alegou ser “filho de nobres ingleses”.
MP pede cancelamento de documentos e medidas cautelares
O Ministério Público solicita à Justiça:
- O cancelamento de todos os documentos emitidos em nome de “Edward Wickfield”, inclusive o CPF;
- A entrega imediata do passaporte do ex-magistrado;
- A proibição de deixar a cidade onde reside, como medida cautelar alternativa à prisão preventiva.
Ex-juiz recebe mais de R$ 143 mil mensais
De acordo com o Portal da Transparência do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o ex-juiz denunciado recebe rendimentos líquidos mensais de R$ 143.290,55, valor que inclui gratificações e indenizações acumuladas ao longo de sua carreira na magistratura.
O caso segue em apuração pelas autoridades competentes, e ainda não há decisão judicial sobre eventual suspensão de benefícios ou processo disciplinar retroativo.
