Embora os investidores estrangeiros tenham aportado recursos na bolsa em 9 das 20 sessões de junho, o sentimento predominante foi o pessimismo, levando ao pior resultado mensal desde 2018. No primeiro semestre do corrente ano, a fuga de capital estrangeiro da B3 já superou a maior desde 2020, ano em que ocorreu a pandemia de Covid-19.
Na última sexta-feira do mês de junho, dia 28, a B3 recebeu um aporte de R$ 606,65 milhões de investidores estrangeiros. No mesmo dia, o Ibovespa apresentou uma queda de 0,32%, alcançando 123.906,55 pontos. Embora tenha acumulado um crescimento de 1,48% no decorrer desse mês, o primeiro semestre registrou uma queda de 7,66%. O total financeiro negociado chegou a R$ 21,8 bilhões.
Ao longo de junho, a retirada de R$ 4,23 bilhões da Bolsa por investidores estrangeiros resultou no desempenho mais baixo para o mês desde 2018, de acordo com dados históricos coletados pelo Broadcast a partir de 2007. No total do ano, o déficit de capital estrangeiro é de R$ 40,122 bilhões, sendo este o pior desempenho desde 2020. Naquele ano, o Brasil lidava com os primeiros efeitos da pandemia de Covid-19, o que causou uma saída de R$ 76,504 bilhões nos primeiros seis meses.
Analistas consultados pelo Broadcast prevêem que, com a desvalorização do real em relação ao dólar, que chegou a R$ 5,58 em junho, o fluxo negativo deve predominar pelo menos nos próximos dois meses. Isso é atribuído à previsão de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, não diminua as taxas de juros tão cedo, juntamente com a piora fiscal no Brasil, o que reduz o interesse dos investimentos no país.
“Nos próximos dois ou três meses, os Estados Unidos não devem cortar os juros, e também temos que resolver nossos problemas de discussão fiscal. Então, no curtíssimo prazo, o estrangeiro não deve voltar para o Brasil”, afirmou Gilberto Nagai, superintendente de renda variável da SulAmérica Investimentos.
De forma semelhante, Fernando Siqueira, líder de pesquisa da Guide Investimentos, enfatizou a importância do Brasil minimizar as interferências e possuir um futuro presidente do Banco Central que seja confiável. Eduardo Carlier, co-diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, salientou que a maior parte do êxodo de investidores estrangeiros da B3 é devido a fatores internos, contradizendo a tendência comum onde predominam fatores externos.
“Temos uma situação oposta. Enquanto há sinais de melhora nos indicadores dos Estados Unidos, refletindo-se em bolsas e taxas de juros americanas, o Brasil tem se destacado na contramão”, afirmou Carlier.