Argentina classifica Hamas como organização terrorista, diferenciando-se do Brasil
Argentina classifica Hamas como organização terrorista em mudança significativa de política externa

Na passada sexta-feira, a Argentina assumiu uma postura decisiva ao categorizar o grupo Hamas como uma “organização terrorista internacional”. Tal classificação foi oficializada no “Registro Público de Pessoas e Entidades Vinculadas a Atos de Terrorismo e seu Financiamento (Repet)”, demonstrando uma alteração importante na política externa durante o governo do presidente Javier Milei.
A decisão vem em um momento crítico, considerando que, recentemente, o Hamas reivindicou responsabilidade por ataques devastadores em Israel. O ataque mais brutal ocorreu em 7 de outubro de 2023, marcando a maior tragédia em solo israelense desde o Holocausto, com aproximadamente 1,2 mil vítimas fatais.
“O Hamas foi responsabilizado pelas atrocidades cometidas durante o ataque perpetrado a Israel em 7 de outubro. Estes se somam a um extenso histórico de atentados terroristas em seu nome.
Além disso, nos últimos anos foi revelado seu vínculo com a República Islâmica do Irã, cuja liderança foi considerada responsável pelos atentados contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires e contra a AMIA [Associação Mutual Israelita Argentina] pela Câmara Federal de Cassação Penal em 11 de abril. Esses ataques custaram a vida de mais de 100 cidadãos argentinos.
O presidente Javier Milei tem o compromisso inabalável de reconhecer os terroristas pelo que são. É a primeira vez que há vontade política de fazê-lo.
Este governo reiterou em múltiplas ocasiões a sua convicção de que a Argentina volte a alinhar-se à civilização ocidental, respeitosa dos direitos individuais e das suas instituições. Por este motivo, é inadmissível que aqueles que os atacam não sejam declarados como o que são: terroristas.”
Em 18 de outubro de 2023, o ministro de Relações Exteriores do governo Lula, chanceler Mauro Vieira, afirmou que o Brasil não se refere ao Hamas como um grupo terrorista por seguir a determinação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O Conselho de Segurança das Nações Unidas não classificou, nem a organização como um todo, nem as brigadas (braço armado), como organizações terroristas. O Brasil segue essa orientação”, alegou Vieira em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. “A questão de declarar o Hamas como organização terrorista, ou não, foge, no momento, da nossa política. Porque nós declaramos os países, organizações ou pessoas que são designadas como tal pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas”, enrolou.
O Brasil, durante a administração de Lula, mantém-se alinhado à retórica da extrema esquerda, que vê Israel como um parceiro dos Estados Unidos no Oriente Médio. Essa postura já foi expressa várias vezes pelo próprio Lula, incluindo declarações falsas sobre a contraofensiva de Israel em Gaza. As críticas de Lula ao governo israelense levaram o presidente brasileiro a ser visto como persona non grata no país.