
Durante uma reunião com as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, em 2019, o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PMB), ofereceu uma solução para o caso de investigação de rachadinha do seu filho em troca de um lugar no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele usou o termo “resolver”. Esta informação foi divulgada publicamente na segunda-feira, 15, por ordem do ministro Alexandre Moraes, responsável pelo caso.
“O ano passado [2019], no meio do ano, encontrei com o [Wilson] Witzel, não tive notícia [inaudível] bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo”, o trecho está na decupagem da Polícia Federal sobre uma reunião que definia estratégias de defesa para o filho do ex-presidente.
Bolsonaro citou o caso das “rachadinhas” – um esquema onde funcionários designados ao gabinete retornam parte de seus salários ao parlamentar. Esta investigação contra Flávio foi o foco da reunião com suas advogadas, Juliana Bierrenbach e Luciana Pires, juntamente com o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.
Após a fala de Bolsonaro, a advogada Bierrenbach questiona: “quem falou isso?” e Bolsonaro reafirma: “O Witzel, né”. A outra advogada, Luciana Pires, disse que “ele tem a Polícia Civil na mão”. Em seguida, Heleno e Bolsonaro dizem: “sede de poder”.
A gravação de áudio, conforme a Polícia Federal, foi realizada por Alexandre Ramagem, que atualmente é deputado federal e pré-candidato à prefeita da cidade do Rio. A reunião ocorreu em 25 de agosto de 2020. Não há registro dessa reunião na agenda oficial de Bolsonaro. De acordo com os investigadores, o áudio é evidência do envolvimento de Bolsonaro no esquema ilegal.
A gravação da reunião foi encontrada durante investigações do caso conhecido como “Abin Paralela”. Segundo a PF, foi montada uma estrutura no governo Bolsonaro para investigar ilegalmente adversários políticos. Bolsonaro e Ramagem negam irregularidades e o cometimento de crimes.