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“Governo do desmonte”, diz sindicato da Abin sobre gestão Lula

Sindicato da Abin classifica proposta de reajuste salarial do governo Lula como ‘humilhante’ e inicia operação padrão

A proposta de aumento salarial feita pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi criticada pelo sindicato dos funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que a considerou “humilhante”. Nesta sexta-feira (19), a Intelis (União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin) divulgou uma nota na qual se referiu à administração atual como “governo do desmonte” e informou o início de uma operação padrão, que pode resultar em atrasos e interferir nas atividades da Abin.

“A equipe de negociação do MGI [Ministério da Gestão e Inovação] (…) chegou ao absurdo de nos oferecer humilhantes ZERO POR CENTO de recomposição em 2025 para a base”, diz a nota. “Essa situação não nos deixou alternativa, tanto pelo acinte da proposta quanto pela criticidade da vacância de nossos cargos, senão estabelecer uma Operação Padrão em relação às atividades da ABIN”.

A entidade de classe disse ainda que o governo decidiu “abrir mão da sua agência de Inteligência”, escolhendo “deliberadamente tomar decisões à base do improviso” em um momento em que se aproximam eventos importantes, como as eleições municipais e a Cúpula do G20, que será realizada no Rio de Janeiro em novembro.

“Sentimos muito pela população brasileira, a quem não conseguiremos mais garantir a segurança e atender nas mais diversas áreas em que atuamos, mas chegamos a um ponto de não retorno, em que sabemos que o órgão não resistirá a um 3º episódio de descolamento frente às demais carreiras”, diz a nota, que classifica o governo Lula como “governo do desmonte”

Esther Dweck, à frente do Ministério da Gestão, confirmou ao Estado de São Paulo que na quinta-feira (18), foi apresentada uma proposta que estipula um aumento de 14,5% a 25,3% para o setor, a ser acumulado de 2023 a 2026. “O governo segue com as negociações buscando atender as reivindicações de restruturação das carreiras de todos os servidores federais, respeitando os limites orçamentários. Até agora já foram 22 acordos assinados com diferentes categorias”, diz a nota do ministério.

Sem mencionar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Intelis citou a gestão anterior como “governo do desvio”. A Polícia Federal investiga um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Abin para monitorar críticos de Bolsonaro.

“Os servidores da ABIN tiveram uma tarde desastrosa no dia de ontem. Após o governo do desvio, a Inteligência de Estado do Brasil sofre agora com o governo do desmonte. A equipe de negociação do MGI, a quem tanto apoiamos em trabalhos recentes, demonstrou ignorar completamente todos os problemas que apontamos na primeira mesa e chegou ao absurdo de nos oferecer humilhantes ZERO POR CENTO de recomposição em 2025 para a base, punindo a única carreira que já possui 20 padrões desde 2004. Para o topo da carreira foi repetida a pior proposta dentre as que têm sido colocadas para níveis semelhantes, 9,5% em 2025 e 5% em 2026.

Essa situação não nos deixou alternativa, tanto pelo acinte da proposta quanto pela criticidade da vacância de nossos cargos, senão estabelecer uma Operação Padrão em relação às atividades da ABIN. Sentimos muito pela população brasileira, a quem não conseguiremos mais garantir a segurança e atender nas mais diversas áreas em que atuamos, mas chegamos a um ponto de não retorno, em que sabemos que o órgão não resistirá a um 3º episódio de descolamento frente às demais carreiras.

Às vésperas da realização de eleições municipais, CPNU, reunião do G-20 e desintrusões de terras indígenas, eventos críticos e do interesse de agentes adversos, o Governo do Brasil decide abrir mão da sua agência de Inteligência e escolhe deliberadamente tomar decisões à base do improviso.

Esperamos que ainda haja tempo para reverter o dano gigantesco que será o primeiro país do G-20 a prescindir do seu serviço de Inteligência. Por ora, a granada segue no bolso do ‘inimigo’”.

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