O delegado da Polícia Federal, José Fernando Moraes Chuy, aliado próximo do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), foi indicado pela diretoria da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ocupar a posição de corregedor-geral da instituição.
Caso seja aprovado, o delegado será o substituto de Lidiane Souza dos Santos, que ficará no cargo até 31 de agosto, data em que encerra seu mandato de dois anos. No entanto, é costume trocar o corregedor quando há uma mudança de governo.
Chuy, com muita experiência, tem um histórico em áreas estratégicas da Polícia Federal. Ele também desempenhou um papel na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante o tempo em que Moraes era o presidente da Corte. Além disso, ambos colaboraram quando Moraes ocupou o cargo de ministro da Justiça, durante o governo de Michel Temer (2016 a 2018).
Se o delegado assumir o cargo, ele poderá ser encarregado de investigações que incluam alvos da Operação Última Milha, que foca no funcionamento da “Abin paralela”, um inquérito do qual Moraes é o relator.
O inquérito está investigando o alegado uso impróprio da estrutura da agência de inteligência para espalhar “fake news” e para o rastreamento ilegal de autoridades e jornalistas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com os investigadores, as supostas vítimas de espionagem eram pessoas vistas como oponentes do ex-presidente da República, sua família e aliados.
Durante o período em que os eventos foram investigados, a Abin estava sob a liderança do delegado Alexandre Ramagem, que atualmente é deputado federal e concorre à Prefeitura do Rio pelo PL nas eleições de outubro. Ramagem, que é alvo de investigação no inquérito, rejeita quaisquer irregularidades durante seu mandato na agência de inteligência.
Embora a mudança ainda não tenha sido oficializada, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, já aprovou a transferência do delegado para a Abin.
Servidores da Abin expressam preocupação com a indicação de delegado da PF ligado a Moraes
A Intelis, União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin, divulgou uma nota expressando preocupação com a possível nomeação de um servidor externo à agência. “Consideramos preocupante, injustificada e um desprestígio dos servidores orgânicos da Abin a possível indicação de um corregedor-geral do órgão oriundo de fora dos quadros da agência”, diz um trecho da nota.
“Devemos lembrar que a atual investigação sobre o uso indevido do software First Mile pela estrutura que parasitou a Abin foi iniciada pela própria corregedoria interna, então liderada por uma oficial de Inteligência”, continua o comunicado da Intelis.
As informações são da Revista Oeste
