A família do vigilante Marco Alexandre de Araújo, de 54 anos, recebeu na semana passada uma carta escrita por ele, enviada diretamente da Papuda, onde está detido desde 20 de abril do ano passado, devido aos acontecimentos do 8 de janeiro.
O homem se entregou voluntariamente à Polícia Federal (PF) após sua ausência em casa durante uma etapa da Operação “Lesa Pátria”.
Segundo Geovane Pessoa, advogado de Araújo, até o momento não existe nenhuma denúncia contra seu cliente. Pessoa também enfatizou que a condição mental de Araújo é frágil. Após a detenção, foi apresentada uma denúncia sobre a superdosagem de medicamentos que Araújo foi submetido na prisão.
“Vim a Brasília acreditando que seria mais uma manifestação pacífica em defesa da democracia”, escreveu Araújo. “Não vim para vandalizar, incitar ou depredar bem público porque jamais compactuei com vandalismo em manifestações. Um conservador de direita não compactua com a ilegalidade.”
Segundo o vigilante, as pessoas têm de ter “a coragem de expor as verdades sobre o 8 de janeiro”. “Quem errou que pague pelo seu erro”, disse. “Estou preso por algo que não fiz e não apoio. Pagando um preço alto que está custando a minha vida.”
No texto, Araújo critica as autoridades em virtude da “tamanha ausência e vulnerabilidade dos órgãos de segurança que praticamente cruzaram os braços”.
“Os vândalos fizeram a festa em cima dos manifestantes pacíficos e transformaram em caos o que poderia ter sido uma bela manifestação”, observou Araújo. “Os fatos devem ser apurados e a justiça deve prevalecer de forma justa, impessoal e imparcial.”
Araújo, natural de Uberlândia, Minas Gerais, exercia a profissão de vigilante, devido à sua experiência como policial militar, além de ser motorista de aplicativos. Ele é pai de três filhos adultos e de uma bebê recém-nascida. No entanto, ele não tem contato com a pequena, pois está preso.
Manifestantes sobem a rampa do Congresso Nacional para protestar contra o governo Lula – 8/1/2023 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil