O estoque do Ministério da Saúde contém aproximadamente 13 milhões de doses de vacina contra a covid, que estão programadas para vencer entre agosto e outubro. Uma porção significativa provavelmente não será utilizada e terá que ser descartada. Esses imunizantes, avaliados em mais de R$ 540 milhões, são a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, e a Spikevax, produzida pela Moderna.
A Folha de S.Paulo divulgou na sexta-feira 2 uma informação que obteve no final de julho, após um pedido baseado na Lei de Acesso à Informação.
Desde maio, aproximadamente 1,5 milhão de vacinas da Moderna foram administradas. No entanto, o ritmo atual de imunização sugere que uma parte considerável das doses em estoque será descartada.
O Brasil registrou mais de 4.131 mortes por Covid-19 em 2024 e 639 mil casos, informou a Folha.
CoronaVac, a vacina contra a covid do Butantan
Aproximadamente 8 milhões de doses da CoronaVac, equivalentes a 80% do último lote adquirido pelo Ministério da Saúde junto ao Butantan, têm prazo de validade entre 31 de agosto e 30 de setembro de 2024. O Butantan confirmou que a distribuição da CoronaVac foi realizada dentro do período de validade estabelecido pelo governo.
Spikevax
O inventário atual contém aproximadamente 4,8 milhões de doses da Moderna, adquiridas recentemente pelo governo Lula e ajustadas à variante XBB, que vencem entre 10 de setembro e 18 de outubro.
A Moderna se comprometeu a substituir as doses que estão para vencer, uma vez que a empresa forneceu frascos cujo prazo de uso é menor do que o acordado no contrato. A Adium, que representa a Moderna no Brasil, assegurou que “enviará ao Ministério da Saúde novas doses da vacina contra Covid, caso seja necessário substituir imunizantes que estejam próximos ao vencimento”.
Perdas financeiras e desafios logísticos
Até o início de 2023, o Ministério da Saúde perdeu cerca de R$ 2 bilhões em vacinas contra a covid-19. Em 2024, foram descartados mais R$ 227 milhões em vacinas da Janssen, sem contar vacinas que venceram nos estoques de estados e municípios.
Desde 2021, o ministério distribuiu mais de 640 milhões de vacinas. Apenas a primeira compra com a Pfizer, de 100 milhões de unidades, ultrapassou R$ 5 bilhões. O valor total gasto não é divulgado devido a cláusulas de sigilo nos contratos.
Técnicos do governo consideram que o número de vacinas aplicadas está subestimado devido à dificuldade de coleta de dados em todo o país. Gestores do SUS reconhecem que a campanha atual não é suficiente para esgotar o estoque, conforme a Folha.
Gestores do SUS apontam que o intervalo para troca das vacinas vencidas por novos lotes reforça a desorganização da campanha de imunização. Além disso, as secretarias de saúde enfrentam custos para armazenar e descartar produtos vencidos.
Distribuição e “desinformação” impactam uso de vacina contra a covid, diz ministério
Em nota à Folha, o Ministério da Saúde afirmou ter garantido a proteção da população de maior risco com a compra da vacina da Moderna, distribuindo 6,7 milhões de doses aos estados e municípios.
O ministério justifica o encalhamento das vacinas com uma suposta desinformação, que teria impactado de forma significativa a imunização no Brasil, gerando desconfiança em relação à eficácia e segurança das vacinas, especialmente contra a covid-19.
Os menores índices de cobertura vacinal estão entre crianças e adolescentes, público-alvo da vacina CoronaVac.
Sob a liderança de Nísia Trindade, o Ministério da Saúde está realizando uma nova compra de vacinas com entregas parceladas e possibilidade de troca por vacinas mais atualizadas aprovadas pela Anvisa.
As informações são da Revista Oeste