Depois de 25 anos do panfleto anti hidrovia em Cáceres MT, agradeço nova oportunidade de novamente atender outro convite, agora via imprensa, para debatermos, com a palavra a WWF:
“-Notícias e mensagens falsas circulam diariamente nas redes sociais. E com as queimadas no Pantanal não é diferente. Para combater as fake news, o WWF-Brasil traz informações baseadas na ciência e em dados oficiais.”
Pro Aris et Focis, ou seja pelos altares e lares pantaneiros ao comemorar a chegada neste sábado, da tradicional chuva pantaneira da Quaresma de São Miguel, apagando ou mitigando descontrolados incêndios, vamos tentar demonstrar que talvez o “f” final da simpática sigla do ursinho chinês, possa vir a significar FALSA.
A consultora ambiental responsável inicia as falsidades com o aproveitamento dos dados do Stephen Hamilton, que de 1985 a 1989 vislumbrou as primeiras imagens de satélite registrando os monumentais efeitos das enchentes no ciclo de águas iniciado em 1974, trabalho brilhante que o próprio cientista pressionado, incluiu singelamente que a análise daqueles dados NÃO permitiria uma conclusão cientifica absoluta, negação omitida na tradução do panfleto usado à época, pela WWF em Cáceres MT.
Tal negação na lingua inglesa segue o adjetivo invariável de outra lingua mãe, o latim, onde “FAS” significa LEGÍTIMO e quando se acrescenta a negativa “NE” vira “NEFAS” que transforma a expressão em “NEFASTO”.
Por fas ou por nefas, virou expressão utilizada no Século XVI nas cortes e academias européias, como justificativa do expansionismo colonial por exércitos mercenários de companhias privadas detentoras de privilégios extativistas outorgados por Reis e Rainhas, conspurcando e dando novo sentido ao brocardo latino “per omne fas et nefas”, escondendo em linguagem pseudo culta que passaria a significar o maniqueismo por bem ou por mal, justo ou injusto, uma coisa pela outra, para que suas Majestades e Excelências da burguesia e políticos capitalistas, não se sujassem pelo que determinaram ocorrer nas colônias Americanas, Africanas ou Asiáticas.
Esclarecemos também que o parasitário uso por membros da academia, técnicos governamentais, jurídicos e especialistas midiáticos, chegando até o estudo atual do MAP Biomas que lançou até uma Nota Técnica demonstrando que seus dados, por compararem o monumental ciclo de águas altas hamiltoneano iniciado de 1985 e 1986 com o pico de seca de 2020 a 2024, não poderiam servir para medir perda de água.
O que foi cabalmente referendado pela realidade que registrou que parte do Pantanal, recebeu águas vindas pelo sistema Rios Cuiabá -São Lourenço por conta da regulação proporcionada pela Usina de Manso e até pelo Rio Taquari que nos brindou com o fenomeno REI trazendo águas abundantes, na úmida Arca de Noé do Lobo Ativo de seu novel Leque Aluvial, tanto em 2023 como em 2024, anos de seca tidos como catastróficas… Talvez devessemos acrescentar: Mas não em todo o Pantanal!
À primeira pergunta do questionário , se os incêndios deste ano fazem parte do ciclo natural do Pantanal, registramos a sutil mudança de queimadas do prólogo, palavra tecla que aciona repúdio dos urbanos por ser coisa de fazendeiros, para incêndios , eventos onde podem ocorrer ignição aleatória e virar
incêndio descontrolado, ao que afirmamos: -SIM !
Os incêndios deste ano fazem parte da paisagem do Pantanal modelado por ciclos de água e seca, cabendo ao fator artificial do barril de pólvora nas “áreas protegidas” a causa da mudança de fogo formador da paisagem natural , para incendiária tragédia ambiental.
Os queimadas (atenção para a volta do termo lacrador pavloviano) são criminosas? Respondemos: novamente SIM ! Com toda a certeza! Mas o que transforma ignições e oxigênio onipresente em incêndios descontrolados seria muito mais o estúpido acúmulo de combustivel vegetal em áreas com modelo importado por um lobby criminoso, que manipulou a importação e criação do tal Sistema SNUC.
O clima seco favorece a perda de controle transformando queimada controlada em incêndio descontrolado? – SIM conforme se comprova nos trágicos incêndios8niciados na Reserva SESC Pantanal do MT e na Reserva Taiamã e Parque Estadual e privado do Rio Negro, onde a destruição de percentual expressivo foi consequência e resultado da arrogância dos que tentavam provar que controlariam um MIF, mesmo diante do tal acúmulo de vegetais desidratados, causa fatal do Armagedon em 15% da área do Pantanal, por total perda de controle, apesar da fantástica estrutura preparada de brigadas treinadas e equipamentos, aéreos e terrestres.
A próxima pergunta seria sobre a sobre a ignição aleatória do fogo no Pantanal, expressando um raríssimo momento de concordância imposta pelas reiteradas exposições dessas possibilidades, compreendidas pela cultura pantaneira.
A capciosidade da próxima pergunta que 95 % encontram-se em áreas privadas no Pantanal, leva-nos a buscar novamente os ensinamentos de latim e lógica que os jovens aprendiam ainda no curso fundamental, onde mestres de outros continentes, demonstravam a falácia da lógica contida da expressão “post hoc ergo propter hoc” , ou.”depois disso, logo causado por isso.”
Todo pantaneiro entende que as perguntas para elucidar o assunto, deveriam ser:
– Como o Pantanal 100 % privado, idealizado para conseguir o “utis possidetis” previsto no Tratado de Madri, é evitar novas invasões estrangeiras, conservou-se como intocado, mesmo transcorridos séculos de produção de pastorícia e agricultura?
– Como, ao mesmo tempo, pudemos conseguir resistir a tantos governos que vendiam o extrativismo vegetal e animal, a troco de adiantamento de impostos para companhias privadas capitalistas sediadas no exterior?
A demora para acabar com o incêndio é culpa do Governo que não agiu de forma eficaz? Sim, mil vezes sim, o Governo é uma instituição que congrega anos de infiltração implantada estrategicamente por agentes do sistema capinanceiro das metrópoles coloniais onde o progresso pessoal é econômico na tecnoburocracia jurídica, política e acadêmica, só seria acessível aos que demostrassem cega adesão aos cânones da seita.
Os pantaneiros voltam a agradecer à WWF, a oportunidade raríssima de debater o modelo colonialista do Diamante do Okwango contra a cultura cosmopolita e solidária do Pantanal, lembrando que as narrativas distorcidas das conclusões tão presentes na safra 2020 do fire business, estão completamente iluminadas pelos faróis da realidade em 2024.
Para nos despedir deste Mitos e Verdade voltemos ao sotaque cuiabano na Lódgica ministrada por Padre Firmo a seus alunos, trazendo a navalha filosófica de Hanlon que pontua “- Nunca devemos atribuir à malícia, o que pode ser atribuído à ignorância.”
A manipulada narrativa dos incêndios de 2020 talvez ainda puderam ser atribuídos à ignorância, esta tentativa atual de manipular o recorde dos incêndios descontrolados em 2024, atribuindo-os novamente aos humildes pantaneiros, trata-se de imposição de notória e nefasta malícia.
Enquanto o trabalho de criação do gado for mais um jogo lúdico que um sacrifício, enquanto o amor por essa atividade seguir culminando com integração, simbiose e solidariedade por tudo com que a natureza nos envolve, não triunfarão os profetas do Apocalipse e suas milionárias campanhas fakes de uma tragédia estúpida que foram principais artífices, os nefastos expropriadores e espoliadores , não vencerão no Pantanal que só os pantaneiros podem compreender e cuidar.
Armando Arruda LacerdaPorto São Pedro
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