NotíciasPolítica

Silvio Almeida é 1º ministro demitido por assédio sexual no Brasil desde a redemocratização

Estudo da UnB afirma que nenhum membro do alto escalão do governo federal enfrentou esse tipo de denúncia

A demissão de Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos, em meio a alegações de “assédio sexual”, é um acontecimento inédito no governo federal desde a redemocratização do Brasil em 1985.

Um estudo da Universidade de Brasília (UnB), que tem monitorado crises de imagem na Esplanada dos Ministérios por 13 anos, identificou esse caso. O período anterior não é mencionado no estudo.

O estudo, sob a coordenação do professor Wladimir Gramacho da Faculdade de Comunicação da UnB, analisou aproximadamente 14 mil edições da Folha de S.Paulo a partir de 15 de março de 1985, data que deu início ao mandato presidencial de José Sarney. Ao longo desse tempo, ministros lidaram com mais de 500 crises de imagem, entretanto, esta é a primeira vez que uma foi provocada por alegações de natureza sexual.

À Folha, Gramacho disse que “o contexto social e político mudou muito nesses 40 anos. No começo da Nova República, uma série de temas não estavam pautados, e agora estão. Eu acho que um desses temas são as questões de gênero, a maior discussão sobre patriarcado, machismo”. Ele acrescenta que “o nível de documentação e de extensão das ações do ex-ministro foram suficientes para que isso fosse divulgado”.

Silvio Almeida Demitido após Denúncias de Assédio Sexual

Almeida foi dispensado em 4 de setembro após alegações de assédio sexual serem enviadas à organização Me Too Brasil. Anielle Franco, a atual detentora do cargo de Igualdade Racial, estaria entre as vítimas.

Situações de crise relacionadas a questões sexuais, seja em situações criminosas ou em casos de infidelidade, são frequentemente observadas em países como a Inglaterra e os Estados Unidos. Todavia, no Brasil, tais acontecimentos raramente adquirem notoriedade política. Uma ilustração disso são os episódios envolvendo os ex-ministros Antônio Palocci e Bernardo Cabral, em que a temática sexual estava presente, mas apenas como um aspecto secundário.

Análise das crises de imagem

Os estudiosos acreditam que há uma crise de imagem quando um ministro é citado de maneira negativa em pelo menos dois, de três dias seguidos.

De acordo com a pesquisa, José Sarney está na liderança com 119 crises envolvendo ministros. Jair Bolsonaro (PL) enfrentou 66, enquanto Fernando Collor de Mello lidou com 41 e Itamar Franco com 39. Durante os períodos de governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ocorreram 52 crises, enquanto Lula lidou com 50 no primeiro mandato e 40 no segundo.

A pesquisa da UnB categoriza crises de imagem em duas principais categorias: morais e não morais. As crises morais abrangem situações de corrupção, abusos de poder, conflitos de interesses e até mesmo homicídio. Por outro lado, as crises não morais compreendem casos de baixo desempenho, disputas políticas partidárias ou divergências de opinião.

Gramacho afirma que “é um momento crítico para o presidente, que precisa avaliar em que medida aquela crise se esgota em pouco tempo, é mais ou menos importante no momento do governo, e em que medida pode prejudicar a imagem do próprio presidente. E aí troca-se, simplesmente.” 

As informações são da Revista Oeste

 

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo