A hipertensão, conhecida como pressão alta, é uma doença crônica caracterizada por níveis elevados de pressão arterial. O diagnóstico ocorre quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou superiores a 140/90 mmHg, sendo que anteriormente um valor de 120/80 mmHg era considerado normal.
Contudo, novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia, apresentadas durante o Congresso Europeu de Cardiologia em Londres no final de agosto, podem alterar essa percepção.
Essas atualizações redefinem o diagnóstico e o tratamento da hipertensão, destacando que a pressão arterial de 120/80 mmHg, anteriormente considerada normal, agora é classificada como “pressão arterial elevada”, enquanto a pressão ideal passa a ser 120/70 mmHg.
As novas diretrizes simplificam a categorização da pressão arterial, reduzindo as seis categorias anteriores para três, com base nas medições realizadas em consultório.
A pressão arterial é agora classificada da seguinte forma: não elevada, com valores abaixo de 120/70 mmHg; elevada, com valores entre 120/70 mmHg e 139/89 mmHg; e hipertensão arterial, quando os níveis são superiores a 140/90 mmHg. O professor Bill McEvoy, da Universidade de Galway, ressalta que essa nova classificação reconhece que a transição de pressão arterial normal para hipertensão não ocorre de maneira abrupta.
A condição geralmente evolui gradualmente, e grupos de pacientes, como aqueles em risco elevado de doenças cardiovasculares, podem se beneficiar de um tratamento mais intensivo antes que a pressão atinja o limite tradicional de hipertensão.
A médica Fernanda Consolim-Colombo, da Unidade de Hipertensão do InCor, alerta que a elevação prolongada da pressão arterial sem tratamento pode aumentar o risco de complicações graves, como insuficiência cardíaca, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Ela vê aspectos positivos nas novas diretrizes, enfatizando que alertar os pacientes sobre a pressão arterial elevada pode levar à implementação de mudanças no estilo de vida.
Apesar das mudanças, as novas diretrizes ainda consideram a hipertensão arterial como pressão igual ou superior a 140/90 mmHg, mantendo o diagnóstico anterior. O tratamento deve ser adaptado conforme o nível de pressão e o risco de doenças cardiovasculares. Para pacientes diagnosticados com hipertensão, recomenda-se o início imediato do tratamento, combinando terapia farmacológica e mudanças no estilo de vida, que incluem a redução do sal na dieta, aumento da ingestão de potássio, prática regular de exercícios, perda de peso e abandono do tabagismo.
Para aqueles com pressão arterial elevada, as diretrizes recomendam uma avaliação adicional do risco cardiovascular para guiar a terapia. Pacientes sem risco elevado devem adotar mudanças no estilo de vida por 6 a 12 meses, podendo discutir o uso de medicamentos se não houver melhora. Já para os pacientes com risco alto, as mudanças devem ser iniciadas por três meses, com a introdução de medicamentos se a pressão arterial for igual ou superior a 130/80 mmHg.
Consolim-Colombo destaca a importância de uma avaliação cuidadosa das condições de saúde do paciente e de uma abordagem individualizada. As diretrizes também sugerem aumentar o uso de medições de pressão arterial fora do consultório para um melhor diagnóstico e acompanhamento.
As novas recomendações incluem práticas para medir a pressão arterial, tanto em consultório quanto em casa. Para medições em casa, recomenda-se realizar duas medições com intervalo de 1 a 2 minutos, duas vezes ao dia, durante um período de 3 a 7 dias. As leituras devem ser feitas em um ambiente tranquilo, após 5 minutos de repouso.
Em consultório, a pressão deve ser medida após o paciente permanecer sentado confortavelmente por 5 minutos, evitando exercícios físicos e bebidas estimulantes por pelo menos 30 minutos antes da medição. Três medições devem ser realizadas, cada uma com intervalo de 1 a 2 minutos, e a frequência cardíaca deve ser registrada na consulta inicial.
Quanto os laboratórios ou fabricantes de medicamentos para hipertensão vão levar nessa nova paranoia dos sistema de saúde?