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Jornada de Trabalho 4×3: Demagogia, populismo e os riscos da proposta de Erika Hilton

Deputada Erika Hilton Propõe PEC para alterar jornada de trabalho para quatro dias, especialistas alertam para consequências

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que sugere a substituição da jornada de trabalho 6×1, que atualmente prevê uma folga semanal, por um modelo de quatro dias de trabalho e três de descanso, sem redução de salários. Apesar de prometer melhorias na qualidade de vida e aumento da flexibilidade, especialistas alertam para as potenciais consequências negativas dessa medida, tanto para a economia quanto para a competitividade do mercado de trabalho.

A proposta, que já reúne cerca de 100 assinaturas no Congresso, levanta preocupações sobre os impactos no setor produtivo. Reduzir a carga horária semanal de 44 para 36 horas, mantendo os mesmos salários, pode representar um aumento nos custos operacionais para empresas, especialmente as que dependem de mão de obra intensiva. Para muitas companhias, essa alteração poderia resultar em dificuldades financeiras, levando a cortes de pessoal, aumentos de preços e redução de investimentos em inovação e expansão.

Embora Erika Hilton defenda que a proposta visa alinhar o Brasil às tendências globais de trabalho mais flexível, críticos apontam que o país enfrenta desafios econômicos específicos, como uma alta carga tributária e níveis de produtividade historicamente baixos. Implementar uma jornada reduzida sem a devida análise do impacto econômico pode agravar esses problemas, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional.

Outro ponto de preocupação é a promessa de que a medida não afetaria os salários. Manter a remuneração integral em uma jornada menor pode pressionar as empresas a buscar alternativas para compensar os custos adicionais, o que pode incluir a automação de processos e a substituição de mão de obra humana por tecnologia. Isso poderia, paradoxalmente, reduzir as oportunidades de emprego em vez de ampliá-las, como sugere a proposta.

A deputada cita estudos e experiências internacionais, como o programa-piloto no Reino Unido, para justificar a viabilidade da medida. No entanto, especialistas alertam que os resultados positivos em outros países não necessariamente se traduzem para a realidade brasileira, marcada por grandes desigualdades regionais e setores econômicos muito distintos. Enquanto algumas empresas podem experimentar benefícios como redução de estresse e menor rotatividade de funcionários, outras, especialmente pequenas e médias empresas, podem não ter a capacidade de absorver os custos dessa transição.

Outro ponto destacado por críticos é o potencial impacto inflacionário. Com a redução da carga de trabalho, o aumento dos custos de produção pode ser repassado ao consumidor, resultando em preços mais altos e afetando a estabilidade econômica de uma população que já enfrenta desafios financeiros.

Por fim, embora a PEC sugira que a redução da jornada possa criar até 6 milhões de novos empregos, analistas questionam a validade dessa estimativa, apontando que a geração de novos postos de trabalho depende de uma série de fatores econômicos e estruturais que não seriam resolvidos apenas com uma mudança na carga horária.

Erika Hilton argumenta que a proposta colocaria o Brasil na vanguarda das discussões sobre o futuro do trabalho, mas críticos insistem que uma transição dessa magnitude exige estudos mais aprofundados e diálogo com todos os setores impactados. Sem um planejamento cuidadoso, a medida pode resultar em consequências adversas para empresas, trabalhadores e a economia como um todo.

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