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Depois de Erika Hilton, Duda Salabert diz que foi registrada como homem em visto americano

Deputadas brasileiras protestam contra identificação biológica em vistos emitidos pelos EUA

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) relatou, nesta quarta-feira (16), que foi identificada com o gênero masculino ao tentar renovar seu visto de entrada nos Estados Unidos. O episódio ocorreu após denúncia semelhante feita pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que também afirmou ter sido registrada com o sexo masculino no documento.

Ambas fazem parte das primeiras parlamentares trans eleitas para o Congresso Nacional e alegam que a medida por parte das autoridades americanas configura mais do que “transfobia”: seria, segundo suas palavras, um “desrespeito à soberania brasileira”.

Duda Salabert explicou que foi convidada para um curso sobre desenvolvimento na primeira infância, organizado em parceria com a Universidade de Harvard. Como seu visto anterior estava vencido, ela iniciou o processo de renovação. No entanto, de acordo com a deputada, foi informada pelo consulado dos EUA que o novo documento traria o gênero masculino, em desacordo com sua identidade declarada no Brasil.

Segundo ela, o caso teria sido tratado pelas vias diplomáticas. Contudo, Salabert classificou o episódio como uma afronta que vai além de questões de identidade de gênero: “um desrespeito à soberania do Brasil e aos direitos humanos mais básicos”.

Erika Hilton ameaça acionar a ONU

A deputada Erika Hilton também afirmou ter sido identificada com o sexo masculino ao solicitar visto diplomático para participar da Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, em Cambridge. Diante disso, ela anunciou que pretende acionar o presidente dos EUA, Donald Trump, na Organização das Nações Unidas (ONU), acusando os Estados Unidos de prática de “transfobia de Estado”.

Segundo Erika, outras pessoas trans já haviam relatado situação semelhante nos EUA, incluindo figuras públicas como a atriz Hunter Schafer. A deputada argumenta que documentos oficiais do Brasil, que a reconhecem como mulher, estariam sendo desconsiderados pelas autoridades americanas.

“Estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve registro diferente”, escreveu Hilton nas redes sociais.

Nova política adotada sob governo Trump

Desde que reassumiu a presidência dos EUA, em janeiro de 2025, Donald Trump assinou um decreto que revoga o reconhecimento oficial de pessoas trans por parte do governo federal, inclusive para emissão de vistos. A medida é justificada pela atual gestão americana como parte de um esforço para retomar critérios objetivos na documentação oficial, com base no sexo biológico.

Esse posicionamento causou forte reação entre parlamentares da esquerda brasileira, que enxergam a medida como discriminatória. “Não é um ataque somente a mim e contra a Erika Hilton. É uma afronta a todos os brasileiros e brasileiras que acreditam na dignidade, no reconhecimento e no direito de existir plenamente”, escreveu Duda Salabert.

Contexto diplomático e embates futuros

Com o aumento da rigidez nos critérios de concessão de vistos adotados pelos EUA, a questão deve ganhar espaço na diplomacia entre os dois países. No entanto, a posição americana baseia-se no princípio da soberania nacional, que permite aos países adotarem critérios próprios para a concessão ou negativa de entrada de estrangeiros em seu território.

Apesar da pressão pública, não há expectativa de que os EUA revisem sua política migratória atual com base em pautas ideológicas. A tendência é que episódios como esse se tornem mais comuns à medida que aumentam os embates entre as diretrizes do governo Trump e os paradigmas ideológicos de governos progressistas e seus representantes.

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