
Durante sua viagem à Ucrânia, o senador Sergio Moro (União-PR, foto) fez uma comparação no X entre a luta contra a corrupção no país que está resistindo à invasão russa e no Brasil.
“Os ucranianos entendem que combater a corrupção não prejudica o país e é fundamental para a democracia e para o esforço de guerra. A Ucrânia construiu um caminho institucional novo contra a corrupção e parece estar se saindo bem. Talvez seja um exemplo a ser seguido. No Brasil, a impunidade da grande corrupção é a regra, ainda mais após o desmonte injustificado da Lava Jato por parte de alguns ministros do STF”, comparou o ex-juiz da Operação Lava Jato.
Fotos da visita de Moro à Corte Superior Anticorrupção da Ucrânia foram registradas, onde ele foi acolhido pela juíza Vira Mykhailenko.
“A Corte foi criada em 2018 após a constatação de que os tribunais comuns eram incapazes de fazer cumprir a lei contra a corrupção. É uma corte especializada no processo e julgamento de crimes de grande corrupção. É composta por juízes de primeira instância e de uma Câmara de apelação. 38 juízes foram selecionados por um conselho composto de especialistas nacionais e internacionais entre 342 candidatos, com uma rigorosa checagem de histórico profissional e patrimonial. O número de condenados por corrupção tem crescido ano a ano, mesmo diante das dificuldades da pandemia e da guerra”, explicou o senador.
“Cidadão honorário de Brasília”
Durante o período em que Moro se familiarizava com a luta contra a corrupção dos ucranianos, o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, foi prestigiado com o título de Cidadão Honorário de Brasília na Câmara Legislativa do Distrito Federal, na tarde de segunda-feira, 2.
Conforme o usual, Gilmar, um nativo do Mato Grosso que celebrou 50 anos de residência em Brasília, não desperdiçou a chance de criticar a Lava Jato, ao referir-se à Curitiba de sua juventude.
Ele discutia sua participação em um encontro promovido pela OAB na capital paranaense, ao qual havia comparecido quando ainda era estudante de direito durante a ditadura militar.
“Não é [era] a Curitiba que ficou mal-afamada por conta desses episódios de Moro e Dallagnol e companhia. Era a Curitiba que abria cenas para um outro Brasil, que nós trilhamos e que foi extremamente importante”, discursou.
“Ninguém se importa”
Na manhã desta terça, Moro rebateu Gilmar, também em post no X: “Amamos Curitiba e o Paraná e ninguém se importa com a opinião de Gilmar Mendes sobre nossa terra.”
A imprensa internacional tem prestado atenção às opiniões e movimentos do ministro do STF que está direcionando o caminho do tribunal.
Em março, a revista britânica The Economist destacou os ministros do STF em uma reportagem sobre o “aumento da corrupção na América Latina”.
“O Antigo Regime tem lutado e vencido”
Segundo a reportagem, “poucas pessoas no Brasil ainda querem falar sobre corrupção, exceto para expressar desdém pela Lava Jato”. “Gilmar Mendes, juiz do Supremo Tribunal, a considera produto de interferência estrangeira, ‘propaganda’ dos meios de comunicação e ‘combatentes anticorrupção [que] gostam muito de dinheiro’“, seguia o texto.
O texto terminava dizendo que “O Antigo Regime tem lutado e vencido”, mas avisava: “Deve ter cuidado. Numa pesquisa nacional divulgada em 3 de março, uma pluralidade de brasileiros disse que a Lava Jato foi encerrada devido a interesses políticos. Um total de 74% dos entrevistados acreditam que as decisões recentes do Supremo Tribunal ‘encorajam a corrupção’”.
Em 24 de novembro, mais recentemente, o americano The New York Times dedicou uma extensa reportagem ao desmantelamento da Lava Jato pelo STF.
É o Supremo que ficou mal-afamado por conta desses episódios de Gilmar e companhia.