Nesta terça-feira, 3, Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que a taxa de câmbio pode ser reduzida caso o Congresso aprove as medidas de corte de gastos propostas ainda em dezembro. Ele sugeriu que a estabilização do dólar em um patamar mais baixo, que seria benéfica para a economia, pode ser alcançada com a aprovação de medidas que atendem ao arcabouço fiscal e que visam a obtenção de um déficit primário zero.
Um conjunto de medidas visando a redução de gastos em curto, médio e longo prazo foi enviado ao Congresso pelo governo. Estas ações incluem, por exemplo, a isenção de imposto de renda para os que têm uma renda mensal de até R$ 5 mil. Seguindo o anúncio deste conjunto de medidas, o dólar superou a marca de R$ 6, alcançando seu valor mais alto. Na última segunda-feira, o dólar comercial finalizou as negociações com uma cotação de R$ 6,069, o que significa um aumento de 1,13%.
O anúncio do pacote de medidas ocorreu em 27 de novembro, contudo, não correspondeu às expectativas do setor financeiro. Apesar disso, Alckmin desconsiderou as preocupações e declarou que tais questões são passageiras. “O câmbio é flutuante: do mesmo jeito que sobe, cai”, expressou o vice-presidente.
Questionaram Alckmin a respeito da possível abordagem de Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central, em manter juros altos por um período prolongado. Ao responder, ele apoiou a estratégia adotada pelos Estados Unidos, que não considera as flutuações de preços de alimentos e energia na medição da inflação.
Banco Central não vai segurar dólar “no peito”
No evento organizado pela XP Investimentos, Gabriel Galípolo, que é o atual diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) e que será o próximo presidente da instituição, garantiu novamente que o BC não vai intervir para estabilizar a taxa de câmbio do dólar – mesmo após a moeda dos EUA ter alcançado um recorde histórico de R$ 6 nos últimos dias.
“O câmbio flutuante é um dos pilares da nossa matriz econômica”, afirmou Galípolo, ao destacar que a autoridade monetária só intervirá em casos de disfuncionalidade do mercado cambial. Ele explicou que, apesar de a cotação do dólar estar elevada, o BC continua sua política de atuação pontual, apenas quando necessário. “Seguimos atuando só quando há disfuncionalidade”, disse, ao afastar a ideia de uma intervenção contínua para conter a desvalorização da moeda.
Galípolo discutiu a possibilidade de intervenção do BC no câmbio devido a movimentos sazonais, particularmente no final do ano. Ele esclareceu que, durante esse tempo, é típico o envio de dividendos para o exterior, o que pode causar um impacto na taxa de câmbio do dólar. Apesar do BC ter reservas de aproximadamente R$ 370 bilhões, Galípolo é enfático ao dizer que a entidade não “segura o câmbio no peito”, fazendo alusão ao conceito de que o BC não deve tentar manipular o mercado cambial de maneira artificial.
As informações são da Revista Oeste