Diferentemente de líderes mundiais como Joe Biden (EUA), Emmanuel Macron (França) e Ursula von der Leyen (União Europeia), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não se manifestar oficialmente sobre a deposição do ditador sírio Bashar al-Assad. A queda de Assad, que governou a Síria por quase 14 anos, foi proclamada no último domingo (8) após uma ofensiva rápida dos grupos rebeldes que tomaram a capital Damasco.
Postura Diplomática do Brasil
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) divulgou uma nota na qual destacou a necessidade de contenção de todas as partes envolvidas no conflito. O comunicado reafirma os princípios de respeito ao Direito internacional, à proteção dos civis e à unidade territorial da Síria:
“O Brasil reitera a necessidade de pleno respeito ao Direito internacional, inclusive ao Direito internacional humanitário, bem como à unidade territorial síria e às resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, diz a nota do Itamaraty.
A nota ressalta que a embaixada brasileira em Damasco continua operando e acompanhando a situação dos cidadãos brasileiros na Síria. Até o momento, não há registros de incidentes envolvendo brasileiros na região.
Histórico Controverso com Assad
O silêncio de Lula reacende polêmicas sobre suas ações passadas em relação ao regime sírio. Em 2010, durante seu segundo mandato, o presidente condecorou Assad com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria oferecida pelo Brasil a líderes estrangeiros. A decisão foi criticada na época e se tornou ainda mais controversa após o agravamento da guerra civil síria e as denúncias de crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Assad.
Em 2018, um projeto para revogar a honraria foi apresentado na Câmara dos Deputados, mas o processo continua parado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN).
Celebrações e Devastação
A queda de Assad foi marcada por celebrações em diversas partes da Síria. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram multidões comemorando em praças públicas, derrubando estátuas do ditador e libertando prisioneiros da infame prisão de Saydnaya, conhecida por ser um símbolo de repressão brutal.
O regime de Assad deixou um legado devastador:
- Milhões de refugiados,
- Dezenas de milhares de mortos,
- Infraestrutura destruída,
- Uma das maiores crises humanitárias do século 21.
Reações Internacionais
Líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebraram o colapso do regime de Assad. Biden chamou o momento de “histórico” e destacou a oportunidade de reconstruir a Síria.
Por outro lado, o Brasil manteve uma postura diplomática e moderada, refletindo a tradicional política externa de não-intervenção e respeito à soberania nacional.