
A Justiça do Rio Grande do Sul decidiu soltar um dos homens acusados de cometer um crime brutal contra uma mulher com deficiência auditiva na cidade de Soledade, no norte do estado. A vítima foi estuprada, mantida em cárcere privado e posteriormente amarrada e arrastada por um trator em uma estrada. O crime foi praticado pelo ex-cunhado da vítima e outro homem.
Detalhes do crime
De acordo com o depoimento da vítima, obtido pela CNN, ela estava voltando de uma festa quando foi abordada e colocada à força no carro de seu ex-cunhado. Em seguida, foi levada para a casa de um dos agressores, onde foi espancada e estuprada por ambos os homens.
A vítima relatou que, após o abuso, ficou mantida em cárcere privado e foi impedida de sair. Em uma tentativa de fuga, conseguiu escapar, mas foi recapturada pelos criminosos. Em um ato de extrema brutalidade, os homens decidiram amarrar suas pernas e braços em um trator e a arrastaram por uma estrada. Para sobreviver, ela fingiu estar morta, o que fez com que os agressores a abandonassem à beira da estrada. Depois de ser deixada, conseguiu pedir ajuda e foi levada ao hospital para receber atendimento médico.
Laudo confirma violência brutal
Um laudo pericial realizado em 20 de outubro registrou o estado físico da vítima ao chegar à delegacia:
– “Agitada e em pânico”, ela apresentava escoriações no rosto, pernas e braços, além de manchas roxas nos punhos e membros.
O laudo ainda identificou um edema traumático na vulva e vestígios de violência na região perianal. Segundo a advogada da vítima, o laudo comprova os abusos sofridos:
– “O depoimento dele é um roteiro de filme de terror. Ele descreve com riqueza de detalhes o que fizeram com ela. Não bastam os danos físicos e psicológicos, a minimização dessa barbárie pelo próprio Estado é uma afronta aos Direitos Humanos e à vida das mulheres.”
Confissão e decisão judicial polêmica
Um dos acusados confessou o crime e afirmou que o outro agressor tinha a intenção de matar a vítima. Em 29 de outubro, a juíza decretou a prisão preventiva dos dois homens e o Ministério Público apresentou denúncia formal contra ambos.
Entretanto, a Defensoria Pública alegou que um dos acusados seria não imputável devido à sua condição mental, o que significaria que ele não teria capacidade de entender a ilegalidade de seus atos. A Justiça acolheu o pedido e revogou a prisão deste acusado.
Ameaças às testemunhas
A advogada da vítima denunciou que a mãe de um dos acusados tem assediado testemunhas e a vítima. Em áudios enviados por aplicativos de mensagem, a mulher afirmou que:
– “Tem dinheiro para contratar vários advogados” e acusou a vítima de ter embebedado seu filho no dia do crime.
A advogada destacou a gravidade das ameaças:
– “Fica nítida a frieza e desvalorização da vida nos áudios dessa senhora. O filho, assim como a mãe, são pessoas perversas, mas antes de tudo são criminosos.”
Histórico de violência do ex-cunhado
A vítima relatou que um dos agressores era seu ex-cunhado, que foi casado com sua irmã por 8 anos. A separação ocorreu devido ao comportamento agressivo do homem. Atualmente, tanto a vítima quanto sua irmã estão protegidas por medidas protetivas contra ele.
A família esclareceu que a vítima desenvolveu a deficiência auditiva após um quadro de meningite aos 4 anos de idade.
Revolta e impunidade
A decisão de soltar um dos acusados, apesar das provas e confissões, gerou revolta e levanta preocupações sobre a impunidade e a falta de proteção às vítimas de crimes violentos. O caso reacende o debate sobre a necessidade de um sistema judiciário mais rigoroso na punição de crimes contra mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade.