Até 1994, trabalhamos na Urucum Mineração SA e tivemos a oportunidade de reativar a navegação para carregamento de minérios no então abandonado Porto de Ladário, na qualidade de Presidente do Conselho de Usuários da Hidrovia Paraguai Paraná.
Vencida está fase, tomamos como missão reativar a navegação para o Tramo Norte de Corumbá a Cáceres.
Em 1998 assumimos o Terminal das Docas de Mato Grosso, em Cáceres, implantando moderna infra estrutura que permitia o transbordo de caminhões para um comboio tipo Cáceres com 3.600 tons em 6 barcaças em poucas horas
Mais do que a necessária dragagem de manutenção a cargo da Ahipar, os comboios não faziam ondas laterais e os hélices dos empurradores eram eficientes instrumentos de melhorar a auto dragagem do canal de navegação do próprio Rio Paraguai.
Entretanto, não foi impunemente que, no ano 2.000, retiramos 10.000 carretas de ida e 10.000 carretas de volta das estradas que demandavam os portos do Atlântico.
Cáceres a cidade do Tramo Superior Norte do Litoral Central do Rio Paraguai atingiu naquele ano 268 milhões de quilos ou 268 mil toneladas de exportação via Rio Paraguai.
Fomos vencidos pelo estudo feito por Stephen Hamilton, que traduzido maquiavelicamente errado por conhecida ong, conseguindo inverter com falaciosas e manipuladoras narrativas todas as externalidades positivas, criando em Cáceres um clima apocalíptico como se estivéssemos destruindo o Rio Paraguai, defendendo o turismo extrativo de pesca como única solução ambientalmente correta para o Pantanal,
Venceram e podemos considerar como a segunda vez que o Rio Paraguai foi vendido, considerando a primeira venda, a ocorrida na Divisão do Estado de MT e MS, com o Pantanal sujeitando-se à externalidade catastrófica da subsequente ocupação agrícola de suas margens, iludido com as promessas de um Prodepan, tudo patrocinado pelo JICA no Tratado Brasil Japão -PRODECER I, II e III desde os anos 70.
Venceram e acabaram com a navegação comercial que definhou e acabou em 2 anos, pois com a assunção política de um endividado sojicultor, todo o ambientalismo abençoou a negociação que possibilitou “proibir” navegação do Tramo Norte da Hidrovia Paraguai Paraná para a Hidrovia do Rio Madeira, transformando o Titular da Motosserra de Ouro do Cerrado em um player mundial do Agronegócio, aproveitando para enterrar junto os US$ 200,000,000.00 de um novo programa de cala-boca, o natimorto Programa Pantanal.
Mas a destruição do Rio Paraguai seus afluentes e do Pantanal nestes mais de 20 anos, sem navegação ou hidrovia mostrou a destrutividade desse domínio político do ambientalismo cego ideologicamente, o Rio Paraguai acima de Corumbá hoje é um rio assoreado, de côncavo ficou convexo, em breve andaremos nele de caminhonete como hoje acontece no areal que virou o Rio Taquari, que também nasce nos cerrados do MT, “beneficiados” pelos prodeceres…
Essa possibilidade do controle do fluxo de água em períodos mais secos, demonstrada pelo represamento de Manso no Rio Cuiabá e São Lourenço, ambos em processo de recuperação de águas, peixes e melhoria do canal, mercê da liberação desde outubro de 2020, pela Hidroelétrica de Manso que alimenta com 20% a mais de água, principalmente no auge do período de sequia.
Qualquer chuva transbordará o Rio Paraguai e qualquer curto veranico o transformará em areal, impossível de navegar até de canoa, uma simples auditoria ambiental isenta apontará as verdadeiras origens do assoreamento e incêndios descontrolados, a serem depois objeto de uma Perícia Criminal, que tarda mas certamente chegará para desobstruir a verdadeira Justiça. .
Perguntam-me o que acho do Rio Paraguai em processo de venda mais uma vez, visando desta vez acalmar os mega investidores no Maciço de Urucum, posso afirmar tranquilamente:
“-Breve todos entenderão que para manter a integridade da sustentabilidade da Planície do Pantanal como a conhecemos, necessitamos de rios profundos e navegáveis, externalidade só possível se houver retenção nos planaltos de sedimentos através de barragens, com aproveitamento hidrelétrico para custear a remoção e relocação das areias, permitindo a redução da velocidade de rolamento e a infiltração necessária para recarregar os aquíferos e os rios subterrâneos…
O Pantanal expõe, certo de que a razão imporá algo estudado desde os sumérios e sua civilização ribeirinha mesopotâmica, o efeito REI que afeta todas as águas das chuvas: Rolamento , Evaporação , Infiltração, orando mais uma vez para que pantaneiros verdadeiros não se iludam com qualquer anúncio de milhões e milhões com palavras que se iniciem em “Pro” e terminem em “Pan”.
Armando Arruda Lacerda
Ex Presidente do Conselho Especial de Usuários da Hidrovia Paraná , órgão consultivo do
Ministério de Infraestrutura e Ministério de Relações Exteriores